Literatura sendo arte, como todas as artes ela tem as suas sutilezas, os seus segredos, que não se revelam facilmente. Daí, para mim, a necessidade de esrever e reescrever, numa luta penosa para que o resultado final não saia muito diferente do que foi imaginado, já que uma superposição perfeita é inatingível. Por isso, eu acho que toda obra de arte, seja livro, pintura, escultura, sinfonia, é sempre uma derrota do autor, no sentido de que não é exatamente o que ele sonhara. Eu me dou por satisfeito quando finalmente reconheço a derrota.
(José J. Veiga*)
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José J. Veiga (1915-1999) é autor, entre outros títulos, de Os cavalinhos de platiplanto, A hora dos ruminantes, A máquina extraviada e Sombras de reis barbudos.
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*Depoimento concedido a Edla van Steen, para o livro Viver & Escrever.