terça-feira, 23 de junho de 2009

Sexta-feira, no Pina
Marco Adolfs
Um quarteto perfeito: vinho, pão, azeite e bacalhau.

Quando Dora e eu chegamos, eles já estavam nas punhetas. Na cabeceira da mesa, o conde Bacellar; ao lado, os nobres Célio Cruz, Zemaria Pinto e Benayas.

– Sentem-se e nos acompanhem – disse Bacellar.

– A punheta é um prato português, feito com bacalhau – começou a explicar o Francisco, dono da lanchonete Pina, da Joaquim Nabuco, apresentando a iguaria.

Sentamos e nos foi servido vinho para acompanhar o manjar.

– ...Desfiam-se postas de lombo de bacalhau – continuou Francisco –, lavando com água fria, sempre amassando com os punhos. Daí o nome punhetas...

– E o que mais? – interrompi.

– Cortam-se cebolas em tiras, sempre misturando tudo com azeite e uns pingos de vinagre – completou Francisco, orgulhoso. Serve-se frio, acompanhado de salada de agrião, azeitonas e muito pão. E um bom vinho, é claro.

Aí o Bacellar resolveu levantar uma dúvida cruel.

– Com uma das mãos se faz as punhetas, já que a outra pode estar ocupada.

Rimos dessa possibilidade. Também, com um nome desses!

Assim ficamos um bom tempo, envolvidos nas punhetas e vinhos da lanchonete do Pina. Resultado desses encontros das sextas-feiras.