terça-feira, 1 de outubro de 2019

Cartão postal versus Facebook – parte II



Pedro Lucas Lindoso


Recebi mais um cartão postal de tia Idalina. Está em Colônia, na Alemanha. Fugiu de Paris horrorizada com o tal “Mouvement des gilets jaunes”. Movimento dos coletes amarelos. Nas manifestações sobre o clima, que foram abrangentes e em várias partes do planeta, os coletes amarelos exacerbaram. Foram repelidos pela polícia francesa, com cassetetes e bombas de efeito moral.
 Idalina estava saindo do Louvre quando os tumultos começaram. Ficou aterrorizada. Ainda passaria mais alguns dias em Paris. Mas depois daquela fatídica sexta-feira pegou um trem direto para a Alemanha.
Após escala em Frankfurt, foi direto para Colônia. Além de aproveitar para comprar sua água de colônia preferida, a famosa 4711, titia foi revisitar a famosa catedral gótica da cidade. E claro, mandou postais de lá.
No meu dizia: “Queridíssimo. Essa linda catedral, com seus vitrais, ogivas, abóbodas e gárgulas cumpre o seu objetivo que é elevar nossos espíritos para próximo do Criador. Estou novamente encantada com a beleza ímpar dessa catedral. Beijos. Idalina”
O WhatsApp e Skype nos permitem falar com todo mundo sem maiores gastos. Conversei com titia e aproveitei para agradecer os postais enviados. Disse que era a única pessoa que me mandava postais.  Reconhece que enviar postal é um hábito um tanto quanto “vintage”.  E me explica:
– Como você sabe, os objetos “vintage” remetem a coisas clássicas, antigas e de qualidade. Eu sou uma pessoa “vintage”.
Lembrou-me que tem uma coleção de postais antigos de Manaus, feitos pela A favorita. Eu conheço sua coleção. É fantástica.
Pediu-me que lhe enviasse postais recentes de Manaus. Em especial da ponte sobre o Rio Negro, da Ponta Negra e da Arena da Amazônia. Ainda não encontrei os postais de Manaus para enviar para tia Idalina. Continuo procurando.
Ela se recusa a usar o Facebook.  Disse-me que no Facebook fica-se muito exposto a pessoas não tão especiais. E prefere mandar seus postais somente para os entes queridos.
É legal se sentir amado pela Idalina. Uma figura!