sábado, 19 de outubro de 2013

Vinicius de Moraes faz 100 anos!



Vinicius, por Baptistão.


 
 
Poética (I)

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
 
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
 
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
 
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Nova York, 1950
 
Vinicius, por Max Zimer.


Poética (II)

Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.

E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura.

Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo
(Um templo sem Deus)

Mas é grande e clara
pertence ao seu tempo
– Entrai, irmãos meus!

Rio, 1960


Esta postagem é dedicada a todos aqueles  jovens, balzacos e velhos  que se esforçam em parecer poetas, e fazem da poesia mero trampolim social. 
Sejam humildes, leiam o quanto seus eventos pseudopoéticos o permitam, e aprendam com quem sabe.
Vininha, por exemplo.