terça-feira, 12 de agosto de 2025

Carta ao meu pai

Pedro Lucas Lindoso

 

Querido pai Zecão,

 

Hoje quero dedicar um momento para expressar o quanto sou grato por tudo o que o senhor fez por mim. E ainda faz. Pois sinto que, mesmo no Plano Espiritual, é possível uma interação entre nós baseada na maior virtude tão propagada e constantemente ensinada pelo Divino Mestre Jesus – o Amor.

Reconheço que foi o senhor quem me deu a vida, e por isso, tenho uma profunda admiração e gratidão pelo senhor.

Gostaria também de pedir desculpas por algo que disse e que possa ter magoado ou causado algum mal, quando o senhor estava entre nós neste plano. Sinto muito se minhas palavras ou ações lhe fizeram sentir o contrário do que realmente sinto.

Meu coração é cheio de respeito e amor por tudo o que o senhor representa nas nossas vidas.  Porque para mim e meus irmãos o senhor nem nossa mãe morreram. Só morre quem não deixa saudades. E a nossa é imensa.

Amo o senhor e minha mãe pelo que vocês foram, pelo que são eternamente na imortalidade em Cristo ao qual professamos.  E também pelo que fez pelos outros. Nos ensinou a amar nossa Manaus, nosso Amazonas e o seu povo.

Sua força, dedicação e exemplo são inspirações diárias para mim. Suas e de minha querida mãe. Dos muitos conselhos ressalto alguns: respeitar as pessoas, independente de raça ou etnia, religião, classe social ou ideologia.  Enfim, não ser preconceituosos ou intolerantes. Vivíamos, lá pelos anos sessenta, numa cidade ainda muito provinciana e patriarcal. Com preconceitos e costumes arcaicos.

Sobre perseverança e força de vontade, sempre nos dizia que “os generais não são aqueles que vencem as grandes batalhas. Mas os que vencem a si mesmos.” E nos advertia por diversas vezes que o essencial e importante é ser, e não ter. E ainda, o dever de amar e respeitar as mulheres. Como o senhor sempre agiu com nossa mãe. O pior “crime” que nós, os filhos homens, poderiam cometer era machucar ou bater em nossas irmãs.

Vocês tiveram sete filhos. É fato que fomos criados e amados como se fôssemos filhos únicos. Todos já expressaram e parecem reconhecer isso. Sou grato por ter tido um pai como o senhor e uma mãe que nos amava antes de nascermos.  Expressava esse amor fazendo casaquinhos e luvas de tricô adaptados para o clima tropical de nossa região. Tão gostosos e importantes para noites de friagem, mais comuns nas décadas de 1950 e 1960.

Sou muitíssimo grato por tudo que aprendi ao seu lado. Espero poder retribuir um pouco de tudo isso repassando às minhas netinhas seus ensinamentos e valores. Como o fiz com meus filhos. Quero ensiná-las o quanto o senhor e minha mãe foram importantes nas nossas vidas. E de muitas outras pessoas. E ainda continuam sendo.

Meus filhos nos deram essas preciosas netinhas, suas quatro bisnetinhas honrando sua descendência. Assim como meus irmãos, com seus netos e netas. Todos   conscientes   que   descendem   do   senhor.   Todos   expressam   grande   orgulho   e privilégio de serem descendentes do senhor e de nossa mãe.

Por fim, expresso definitivamente todo o meu amor incondicional que sei que não é só meu, mas de todos os seus filhos netos e bisnetos.

Nos veremos na eternidade.


Amine e José Lindoso.