David Almeida
Meu
caro amigo leitor, e eleitor, já que estamos em plena campanha política – e
esse tema está em evidencia –, venho por estas poucas linhas perguntar: se você
ganhasse um prêmio e tivesse que escolher entre uma “ovada” e uma “cusparada”,
qual dos dois você escolheria? Quero que fique bem claro, transparente, que não
estou acusando ninguém, e nem “cusparando” ou “ovando” quem quer que seja. Só
vou comentar sobre as palavras: cusparada e ovada, na mira da simplicidade
popular, nada científico!
Bem,
no meu caso, como sou ator, compositor e jornalista, formador de opinião,
compromissado com a ética e respeito pela cidadania, preferiria a “ovada”. E
sabe por quê? Porque, o ovo é um símbolo de fertilidade, o ovo produz a vida, e
alimenta a vida. O ovo mata a fome, e é barato. Quem já não ouviu essa frase:
“só quer ser gatinho mas só come ovo!”. O ovo faz parte de uma gastronomia mais
que democrática! Todos: ricos, pobres, miseráveis tem acesso a essa iguaria.
Uma “ovada” é energizante, cura até doença. Quem está fraco, sem prazer para
vida, mais que devagar, é aconselhado uma “ovada”. Uns amigos meus, inclusive jornalistas que já
estão dobrando o Cabo da Boa Esperança, estavam já sem animo, sem apetite, em
todos os sentidos, quando a famosa Mãe Diná, lhes receitou, “ovada” (gemada)
todas as manhãs, seguiram a risca a receita da vidente, e hoje estão rindo com
as paredes, cheios de vitalidade. A vida
depois de uma “ovada” nunca será mais a mesma.
A
“ovada” tem vários sentidos, tanto para o bem quanto para o mal, mas tem muito
mais para o bem. Se eu fosse o compositor de “Geni e o Zepelim” (Chico Buarque
de Holanda), não teria jogado pedra, nem bosta na Geni, e sim uma “ovada”. Será, parente? Só para ilustrar, eu, quando
completei 50 anos, fui metralhado com um “cartelada” de ovo, pelo corpo
inteiro, os meus amigos estavam felizes e resolveram me presentear com essa
chuva da fertilidade, depois vieram os abraços, os parabéns, enfim, foi uma
“meladeira” só, todos também se lambuzaram de ovo e de felicidade. Eu quase
chorei, apesar de índio não chorar, assim, tão fácil, mas foi emocionante. A
dor foi física, por causa do impacto da “ovada”, mas a alma estava extasiada de
prazer.
No
entanto, a saliva, matéria prima de onde se deriva a “cusparada” é de
fundamental importância, fisiologicamente é responsável pela lubrificação da
boca para que as palavras fluam de uma melhor maneira, e a sua dicção não seja
prejudicada e o alvo seja atingido. Agora quando não tem mais palavra, aí, a “cusparada”
é um assunto sério, ademais, nunca vi ninguém fazer uma homenagem com uma
“cusparada”, é algo deprimente, depreciativo, nojento. E quando uma pessoa olha
pra outra e cospe no chão, fere na alma, é sinal de extremo desprezo.
Só
se cospe quando algo na boca não está dando certo, a cusparada está em sintonia
com sujeira, com o que é ruim, sem gosto. Tudo que você prova e não gosta é
cuspido, portanto, serve também como uma manifestação, espontânea, de
insatisfação com qualquer coisa, que não esteja em sincronia com o seu pedaço
de chão.
Mas,
dependendo do momento e do gosto do individuo, uma “ovada” ou uma cusparada
será ou não bem-vinda. Rezemos ao senhor!