terça-feira, 10 de junho de 2025

Classificados de outrora

Pedro Lucas Lindoso

 

A expressão “anúncios classificados” tem sua origem na maneira como esses anúncios eram organizados e apresentados nos jornais tradicionais.  Com o crescimento da imprensa, os jornais começaram a incluir anúncios comerciais e pessoais para atender às necessidades da sociedade. Como a quantidade de anúncios aumentava, tornou-se necessário uma forma de organizar essas informações de maneira fácil para os leitores.

A palavra “classificados” veio do fato de os anúncios serem agrupados por categorias específicas, como imóveis, empregos, veículos, serviços, entre outros. Essa organização foi popularizada nos jornais de língua inglesa, especialmente nos Estados Unidos.

 Os jornais começavam a criar seções específicas para diferentes tipos de anúncios, e essas seções passaram a ser chamadas de “classified ads” (no original em inglês). No português, esse termo foi adaptado como “anúncios classificados”, referindo-se justamente a esses agrupamentos por categorias.

O Jornal do Commercio de 1 de março de 1965, há sessenta anos atrás, ainda não utilizava a expressão “classificados”. Mesmo porque a página dedicada aos anúncios dividia-se em ANÚNCIOS POPULARES de um lado e COMERCIO E NAVEGAÇÁO do outro. E era tudo junto e misturado. Oferta de empregos para empregadas, amas, copeiras e pracistas. Vendiam-se coisas que hoje muitos não conhecem: Lambretas, Simca tufão, Carros DKW e, claro, os inesquecíveis Volkswagen. Uma eletrola Franklin e a coleção completa do Tesouro da Juventude.

A Usina Rian, localizada na Av. Floriano Peixoto, 79, anunciava a venda de SAL. Assim mesmo, em “caixa alta”. Vários pequenos anúncios de BACARDI, o melhor ron do mundo. Outros minis anúncios de suco de frutos “MAGUARY”. Uma delícia para toda a família. Esses parecem que sobrevivem até os dias de hoje.

Alguém na Leonardo Malcher vendia uma máquina de costura Long-Life, em perfeito estado. Outro vendia um barbeador elétrico Remington e um rádio Semp. Ambos seminovos e em perfeito estado. Tratar na Av. Joaquim Nabuco, a qualquer hora do dia e sábados e domingos. A venda devia ser mesmo urgente.

O Dr. Oswaldo Gesta, que foi obstetra de minha saudosa mãe, anunciava sua prestigiada clínica de ginecologia e obstetrícia à Rua Barroso, 62.

Na área de navegação, A Comissaria de Despachos Reis, agentes em Manaus de Joaquim Fonseca e Companhia, listava seus navios mercantes: URÁNIA, TAUETÉ, TAUASSU e EDUARDO. Todos motorizados e aceitando carga para Porto Velho e Belém.

E, last but not least, THE BOOTH STEAMSHIP COMPANY LIMITED, a conhecida BOOTH LINE, com sede em Liverpool. O Navio DENIS chegaria no dia 20 de março, proveniente de Liverpool e dia 24 do mesmo mês partiria de volta para Rotterdam e Liverpool. Já o VERAS, procedente de New York, faria parada em Manaus com destino a Iquitos no Peru. O VAllIENTE também vindo de New York atracaria em Manaus e dois dias depois zarparia de volta para New York. Os amazonenses tinham linha direta para os Estados Unidos e Europa. Não necessitavam descer para o Rio de Janeiro ou São Paulo. Bons tempos. Hoje, os anúncios praticamente sumiram dos grandes jornais. Agora tudo é pela internet. Outros tempos.