Pedro Lucas Lindoso
Viúvo
aos trinta anos, Manuel volta a morar com sua mãe. Desde que perdeu sua mulher,
dedica-se a cuidar de pessoas em situação de rua. Também faz visitas constantes
a creches e asilos. Montou uma equipe de
voluntários. Nesse grupo se destaca seu grande amigo de infância, o João.
Há
cerca de três meses, Manuel enfrenta um diagnóstico terrível e inesperado.
Agora, na quietude de um quarto silencioso, sob a luz tênue de uma manhã que
parecia não chegar, Manuel sabia que seus dias estavam contados. Sua pele
pálida, os olhos fundos, mas o coração aquecido pela presença de quem mais
amava — sua mãe Maria e seu amigo João. Ali, na beira de sua cama, uma última
esperança se acendia: a de deixar uma mensagem de amor, de gratidão e de
amizade verdadeira.
Manuel,
com os olhos marejados, segurou a mão de João, seu amigo de longa data, e com
voz fraca, mas cheia de significado, pediu algo que carregaria no coração para
sempre: que João cuidasse de sua mãe, que amparasse Maria, aquela mulher que
lhe dera a vida e o ensinara a amar. E João, com lágrimas silenciosas, prometeu
— não só cuidar de Maria, mas honrar a amizade que os unia, aquela amizade que
resistiu às tempestades da vida e que agora se mostrava ainda mais preciosa.
A
amizade entre João e Manuel era uma história de afeto, de companheirismo e de
respeito mútuo. Desde os tempos de infância, compartilhando sonhos,
dificuldades e alegrias, eles aprenderam que o verdadeiro valor de uma amizade
é medido nos momentos difíceis. Quando a doença veio silenciosa, Manuel soube
que podia confiar em João, assim como confiava no amor de sua mãe. E foi nesse
momento de despedida que a amizade se revelou mais forte — uma ponte de
solidariedade e esperança.
A
despedida de Manuel nos ensina uma lição fundamental: valorizar nossos amigos.
Pessoas que nos acompanham na jornada da vida, que oferecem seu apoio sem
esperar nada em troca, são nossos maiores tesouros. E amar a nossa mãe,
demonstrar gratidão, é uma dívida que carregaremos para sempre. Não há maior
ato de coragem e de amor do que cuidar de quem nos deu a vida, mesmo quando ela
já não está mais conosco.
Que a
história de Manuel, João e Maria inspire cada um de nós a cultivar amizades
sinceras e a valorizar o amor de nossas mães. Pois, no final, são esses laços
que nos dão sentido, que nos mantêm de pé, mesmo diante das adversidades mais
incontornáveis. E que, na despedida, possamos deixar para o mundo a mensagem de
que o verdadeiro valor da vida está no amor, na amizade e na gratidão que
carregamos em nossos corações.
Não
conheço essas pessoas. Essa história me foi contada por uma amiga de Brasília.
Lembrou-me que Jesus, sendo crucificado, pediu a João, que estava com Maria e
Madalena ao pé da cruz, que tomasse conta de sua mãe. A história reflete o
valor de uma amizade. Uma linda amizade.