Pedro Lucas Lindoso
Os sudestinos subestimam Manaus. No “boom” da borracha nós
tivemos o maior PIB nacional. Onde há dinheiro a cultura floresce. Foi assim no
Renascimento. Acontece em todo lugar. E aqui corre dinheiro. E mais: a cidade
já deu gente como Claudio Santoro, Thiago de Mello, Márcio Souza, Milton Hatoum,
Elson Farias. A lista é enorme. E um
caboclo formidável que organiza o Bloomsday aqui. O Nelson Castro. Sim. Temos
movimento cultural. Temos gente que gosta e conhece Literatura. Temos
Bloomsday.
James Joyce é, sem dúvida, uma das figuras mais influentes da
literatura do século XX. Seu impacto vai muito além do seu tempo, pois sua obra
desafiou as convenções narrativas tradicionais e abriu caminhos para a
modernidade na literatura. Entre suas criações mais célebres, destaca-se Ulisses, uma obra monumental que retrata
um dia na vida de Leopold Bloom, na cidade de Dublin, em 16 de junho de 1904.
Joyce não foi apenas um romancista; foi um inovador do
idioma, um mestre na técnica do fluxo de consciência, que busca retratar os
pensamentos mais íntimos e complexos de seus personagens. Ulisses é considerado um verdadeiro épico urbano, uma celebração da
cidade de Dublin, suas pessoas, suas histórias e suas emoções. Sua importância
reside na sua capacidade de transformar o cotidiano em uma obra de arte,
elevando o trivial ao sublime, e desafiando o leitor a uma leitura atenta e
sensorial.
O Bloomsday é uma celebração anual que acontece justamente no
dia 16 de junho, data em que se passa toda a narrativa de Ulisses. Essa data foi escolhida porque representa o dia em que
Leopold Bloom vive suas aventuras na história. Desde a sua criação, na década
de 1950, o Bloomsday virou uma espécie de homenagem a Joyce e a sua obra,
reunindo leitores, estudiosos e admiradores em Dublin e em várias partes do
mundo. Durante as celebrações, é comum que as pessoas revisitem os locais
descritos no livro, leiam trechos da obra, assistam a peças teatrais,
participem de leituras públicas e até mesmo revivam as experiências do
personagem principal.
O Bloomsday é mais do que uma comemoração literária; é um
símbolo de como a literatura pode criar laços entre as pessoas, transformar uma
cidade, e eternizar uma obra através do tempo. Joyce, com sua genialidade,
mostrou que a narrativa pode ser uma janela para a alma de uma cidade e de seus
habitantes. E, ao celebrar esse dia, mantemos viva a chama da inovação, da
criatividade e do amor pela leitura.
Assim, James Joyce permanece como um gigante na história da
literatura, e o Bloomsday como uma celebração vibrante de sua visão única do
mundo — uma homenagem eterna a um dia, uma cidade, um homem, e a toda a magia
que a literatura pode proporcionar. E claro, aqui em Manaus, como em toda
cidade onde se lê e produz Literatura, comemora-se o Bloomsday. Por que não?