Zemaria Pinto
de cinco mil sementes
repartidas
em outras cinco mil
repetições
transforma-se a parede
num festim
de gritos e sussurros sem
sentido
miríades de sonhos e de
sons
de um outro inferno ainda
refletidas
são fugas recorrentes de
mim mesmo
na sordidez do tempo
aprisionadas
da câmara sombria um som
se eleva
em timbres modulados na
memória
buscando a quintessência
do silêncio
na velha luta vã contra
as palavras
pois o poema é nada mais
que isso
música para surdos – nada
mais