domingo, 22 de junho de 2025
sexta-feira, 20 de junho de 2025
quinta-feira, 19 de junho de 2025
A poesia é necessária?
Bilhete Em Papel Rosa
Adélia Prado
A meu amado secreto, Castro Alves.
Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio.
Vê estas olheiras dramáticas,
este poema roubado:
“o cinamomo floresce
em frente do teu postigo.
Cada flor murcha que desce,
morro de sonhar contigo”.
Ó bardo, eu estou tão fraca
e teu cabelo é tão negro,
eu vivo tão perturbada,
pensando com tanta força
meu pensamento de amor,
que já nem sinto mais fome,
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus,
caldos quentes, me dão prudentes conselhos,
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido,
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vidas ligadas
Antônio lindo, meu bem,
ó meu amor adorado,
Antônio, Antônio.
Para sempre tua.
terça-feira, 17 de junho de 2025
Bloomsday em Manaus
Pedro Lucas Lindoso
Os sudestinos subestimam Manaus. No “boom” da borracha nós
tivemos o maior PIB nacional. Onde há dinheiro a cultura floresce. Foi assim no
Renascimento. Acontece em todo lugar. E aqui corre dinheiro. E mais: a cidade
já deu gente como Claudio Santoro, Thiago de Mello, Márcio Souza, Milton Hatoum,
Elson Farias. A lista é enorme. E um
caboclo formidável que organiza o Bloomsday aqui. O Nelson Castro. Sim. Temos
movimento cultural. Temos gente que gosta e conhece Literatura. Temos
Bloomsday.
James Joyce é, sem dúvida, uma das figuras mais influentes da
literatura do século XX. Seu impacto vai muito além do seu tempo, pois sua obra
desafiou as convenções narrativas tradicionais e abriu caminhos para a
modernidade na literatura. Entre suas criações mais célebres, destaca-se Ulisses, uma obra monumental que retrata
um dia na vida de Leopold Bloom, na cidade de Dublin, em 16 de junho de 1904.
Joyce não foi apenas um romancista; foi um inovador do
idioma, um mestre na técnica do fluxo de consciência, que busca retratar os
pensamentos mais íntimos e complexos de seus personagens. Ulisses é considerado um verdadeiro épico urbano, uma celebração da
cidade de Dublin, suas pessoas, suas histórias e suas emoções. Sua importância
reside na sua capacidade de transformar o cotidiano em uma obra de arte,
elevando o trivial ao sublime, e desafiando o leitor a uma leitura atenta e
sensorial.
O Bloomsday é uma celebração anual que acontece justamente no
dia 16 de junho, data em que se passa toda a narrativa de Ulisses. Essa data foi escolhida porque representa o dia em que
Leopold Bloom vive suas aventuras na história. Desde a sua criação, na década
de 1950, o Bloomsday virou uma espécie de homenagem a Joyce e a sua obra,
reunindo leitores, estudiosos e admiradores em Dublin e em várias partes do
mundo. Durante as celebrações, é comum que as pessoas revisitem os locais
descritos no livro, leiam trechos da obra, assistam a peças teatrais,
participem de leituras públicas e até mesmo revivam as experiências do
personagem principal.
O Bloomsday é mais do que uma comemoração literária; é um
símbolo de como a literatura pode criar laços entre as pessoas, transformar uma
cidade, e eternizar uma obra através do tempo. Joyce, com sua genialidade,
mostrou que a narrativa pode ser uma janela para a alma de uma cidade e de seus
habitantes. E, ao celebrar esse dia, mantemos viva a chama da inovação, da
criatividade e do amor pela leitura.
Assim, James Joyce permanece como um gigante na história da
literatura, e o Bloomsday como uma celebração vibrante de sua visão única do
mundo — uma homenagem eterna a um dia, uma cidade, um homem, e a toda a magia
que a literatura pode proporcionar. E claro, aqui em Manaus, como em toda
cidade onde se lê e produz Literatura, comemora-se o Bloomsday. Por que não?
Valor da amizade
Pedro Lucas Lindoso
Viúvo
aos trinta anos, Manuel volta a morar com sua mãe. Desde que perdeu sua mulher,
dedica-se a cuidar de pessoas em situação de rua. Também faz visitas constantes
a creches e asilos. Montou uma equipe de
voluntários. Nesse grupo se destaca seu grande amigo de infância, o João.
Há
cerca de três meses, Manuel enfrenta um diagnóstico terrível e inesperado.
Agora, na quietude de um quarto silencioso, sob a luz tênue de uma manhã que
parecia não chegar, Manuel sabia que seus dias estavam contados. Sua pele
pálida, os olhos fundos, mas o coração aquecido pela presença de quem mais
amava — sua mãe Maria e seu amigo João. Ali, na beira de sua cama, uma última
esperança se acendia: a de deixar uma mensagem de amor, de gratidão e de
amizade verdadeira.
Manuel,
com os olhos marejados, segurou a mão de João, seu amigo de longa data, e com
voz fraca, mas cheia de significado, pediu algo que carregaria no coração para
sempre: que João cuidasse de sua mãe, que amparasse Maria, aquela mulher que
lhe dera a vida e o ensinara a amar. E João, com lágrimas silenciosas, prometeu
— não só cuidar de Maria, mas honrar a amizade que os unia, aquela amizade que
resistiu às tempestades da vida e que agora se mostrava ainda mais preciosa.
A
amizade entre João e Manuel era uma história de afeto, de companheirismo e de
respeito mútuo. Desde os tempos de infância, compartilhando sonhos,
dificuldades e alegrias, eles aprenderam que o verdadeiro valor de uma amizade
é medido nos momentos difíceis. Quando a doença veio silenciosa, Manuel soube
que podia confiar em João, assim como confiava no amor de sua mãe. E foi nesse
momento de despedida que a amizade se revelou mais forte — uma ponte de
solidariedade e esperança.
A
despedida de Manuel nos ensina uma lição fundamental: valorizar nossos amigos.
Pessoas que nos acompanham na jornada da vida, que oferecem seu apoio sem
esperar nada em troca, são nossos maiores tesouros. E amar a nossa mãe,
demonstrar gratidão, é uma dívida que carregaremos para sempre. Não há maior
ato de coragem e de amor do que cuidar de quem nos deu a vida, mesmo quando ela
já não está mais conosco.
Que a
história de Manuel, João e Maria inspire cada um de nós a cultivar amizades
sinceras e a valorizar o amor de nossas mães. Pois, no final, são esses laços
que nos dão sentido, que nos mantêm de pé, mesmo diante das adversidades mais
incontornáveis. E que, na despedida, possamos deixar para o mundo a mensagem de
que o verdadeiro valor da vida está no amor, na amizade e na gratidão que
carregamos em nossos corações.
Não
conheço essas pessoas. Essa história me foi contada por uma amiga de Brasília.
Lembrou-me que Jesus, sendo crucificado, pediu a João, que estava com Maria e
Madalena ao pé da cruz, que tomasse conta de sua mãe. A história reflete o
valor de uma amizade. Uma linda amizade.
domingo, 15 de junho de 2025
sábado, 14 de junho de 2025
quinta-feira, 12 de junho de 2025
A poesia é necessária?
Mar e Lua
Chico Buarque
Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar
E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar
quarta-feira, 11 de junho de 2025
Apresentação de Fragmentos de Silêncio
Simão Pessoa[*]
Quando a gente lê esses Fragmentos de
Silêncio, do Zemaria Pinto, a sensação que se tem – a mais imediata – é de
intensa alegria. Não que o poeta seja um cândido otimista incurável e que passe
o tempo todo afirmando que esse é o melhor dos mundos possíveis. Não se trata
disso. Refiro-me a uma alegria que está nas frases, nas palavras, independente
às vezes até do que ele está dizendo. Uma alegria de dizer as coisas, de
misturar sensações e pensamentos, fatos de agora e de ontem – um exercício
pleno de liberdade.
Zemaria Pinto tem uma curiosa maneira de
encarar a realidade marrom glacê e a partir daí construir seus poemas. Melhor
ainda: de escrevê-los, porque a palavra construir não expressa com
propriedade esse desenrolar tão solto da linguagem, que é a maneira que ele tem
de dizer as coisas. É uma maneira simples, entendam bem, que não é,
rigorosamente, simples. Sua naturalidade consiste em manter a linguagem no
nível coloquial, valendo-se não apenas de formas comuns de falar, mas também da
matéria cotidiana, vulgar às vezes, parte da experiência de todo mundo. Não é
fácil, porém, o processo de organização dessa matéria. E daí que a
espontaneidade do discurso esconde uma complexidade de elaboração e uma
maestria sublimes: um domínio que não é habilidade em lidar com palavras, ou
não é apenas isso, porque as palavras, em seus poemas, não são objeto de
manipulação, ou raramente o são. Zemaria domina a linguagem na medida em que se
identifica de tal modo com ela que, quando escreve, a linguagem é seu jeito de
ser, de fazer-se e refazer-se, de inventar-se, recuperar-se. Pois é assim, acredito,
que sempre se dá o milagre da poesia, de um modo pessoal e intransferível,
próprio de cada poeta.
Os poemas de Zemaria Pinto, apesar de
rigorosamente artesanais, estão isentos daquele formalismo borocoxô e meio
senil que faz a glória das academias de letras e dos grêmios literários
parnasianos. Não refletem, ou melhor, não demonstram qualquer preocupação com a
coerência e a concisão. Nem com a originalidade pós-retrô que, quando obsessiva,
conduz ao empobrecimento e ao hermetismo – doença de alguns maus poetas que
concebem a poesia como algo distante da realidade comum e, portanto, distante
das pessoas. E isso, exatamente, é o que não acontece com Zemaria Pinto: ele se
sabe vivendo a mesma vida de todos e é dessa vida comum que ele desentranha o
poema, na base do fórceps ou da porrada.
Vou mais longe: a exemplo dos poetas da Geração
Beat, ele não quer desligar os poemas desse mundo banal, antes evita que isto
aconteça, misturando sua linguagem de poeta com a linguagem do dia-a-dia,
citando frases de conversas que, no conjunto do poema, revelam sua
universalidade. Nesse contexto, ele também mistura a experiência excepcional,
impactante, à experiência banal – o contexto cotidiano onde a poesia fulge de
repente, como fulge de repente no contexto banal da linguagem. Não há uma coisa
sem a outra: a poesia nasce do prosaico, a originalidade, do vulgar.
Dentro desse arco-íris de cores quentes –
em que se confundem o insondável e o pé no chão – Zemaria pinta e borda, bebe e
trepa, ama e trabalha, destila angústias e humor ferino, para realizar uma
poesia cristalina, sem concessões à babaquice ou ao regionalismo piegas. Uma
poesia que, por isso mesmo, desenvolve-se à margem dos grandes dramas sociais,
mas que nem por isso deixa de ser tão atual quanto amazônica.
Mesmo
que uma declaração dessas pareça pretensiosa ou que provoque choros e ranger de
dentes na fogueira das vaidades barés, considero o Zemaria Pinto o poeta mais
lúcido, brilhante e talentoso da minha geração, o que não é pouca porcaria.
Lendo esses Fragmentos de Silêncio vocês vão descobrir o porquê.
terça-feira, 10 de junho de 2025
Classificados de outrora
Pedro Lucas Lindoso
A
expressão “anúncios classificados” tem sua origem na maneira como esses
anúncios eram organizados e apresentados nos jornais tradicionais. Com o crescimento da imprensa, os jornais
começaram a incluir anúncios comerciais e pessoais para atender às necessidades
da sociedade. Como a quantidade de anúncios aumentava, tornou-se necessário uma
forma de organizar essas informações de maneira fácil para os leitores.
A
palavra “classificados” veio do fato de os anúncios serem agrupados por
categorias específicas, como imóveis, empregos, veículos, serviços, entre
outros. Essa organização foi popularizada nos jornais de língua inglesa,
especialmente nos Estados Unidos.
Os jornais começavam a criar seções
específicas para diferentes tipos de anúncios, e essas seções passaram a ser
chamadas de “classified ads” (no original em inglês). No português, esse termo
foi adaptado como “anúncios classificados”, referindo-se justamente a esses
agrupamentos por categorias.
O
Jornal do Commercio de 1 de março de 1965, há sessenta anos atrás, ainda não
utilizava a expressão “classificados”. Mesmo porque a página dedicada aos
anúncios dividia-se em ANÚNCIOS POPULARES de um lado e COMERCIO E NAVEGAÇÁO do
outro. E era tudo junto e misturado. Oferta de empregos para empregadas, amas,
copeiras e pracistas. Vendiam-se coisas que hoje muitos não conhecem:
Lambretas, Simca tufão, Carros DKW e, claro, os inesquecíveis Volkswagen. Uma
eletrola Franklin e a coleção completa do Tesouro da Juventude.
A Usina
Rian, localizada na Av. Floriano Peixoto, 79, anunciava a venda de SAL. Assim
mesmo, em “caixa alta”. Vários pequenos anúncios de BACARDI, o melhor ron
do mundo. Outros minis anúncios de suco de frutos “MAGUARY”. Uma delícia para
toda a família. Esses parecem que sobrevivem até os dias de hoje.
Alguém
na Leonardo Malcher vendia uma máquina de costura Long-Life, em perfeito
estado. Outro vendia um barbeador elétrico Remington e um rádio Semp. Ambos
seminovos e em perfeito estado. Tratar na Av. Joaquim Nabuco, a qualquer hora
do dia e sábados e domingos. A venda devia ser mesmo urgente.
O Dr.
Oswaldo Gesta, que foi obstetra de minha saudosa mãe, anunciava sua prestigiada
clínica de ginecologia e obstetrícia à Rua Barroso, 62.
Na área
de navegação, A Comissaria de Despachos Reis, agentes em Manaus de Joaquim
Fonseca e Companhia, listava seus navios mercantes: URÁNIA, TAUETÉ, TAUASSU e
EDUARDO. Todos motorizados e aceitando carga para Porto Velho e Belém.
domingo, 8 de junho de 2025
quinta-feira, 5 de junho de 2025
A poesia é necessária?
Três haicais de primavera
Gracinete Felinto
Na estação das flores,
belas manhãs de setembro.
Borboletas dançam.
Nas paredes, flores
descem enfeitando o prédio,
início da estação.
No vaso, uma flor
dedicada à estação.
Lá fora, perfume.
terça-feira, 3 de junho de 2025
Como se tornar amazonense
Pedro Lucas Lindoso
Uma
jovem me pediu uma mentoria. Achei aquilo inusitado. O que seria uma mentoria?
Então você quer que eu lhe dê conselhos? Ela me disse que sim. Gostaria que eu
a ensinasse a ser amazonense. Estranho isso. Perguntei-lhe o motivo. Ela disse
que preferia não contar. Mas que aguardava ansiosa por meus conselhos. Minha
mentoria. Disse-lhe que de fato era amazonense e filho de amazonenses. Mas que
havia vivido por mais de trinta anos em Brasília. Talvez estivesse um pouco
descaracterizado. Ela me disse que justamente por isso eu faria uma boa
mentoria. Por ter sido exposto a outras vivências.
Disse-lhe
então que poderia lhe dar algumas dicas. Não seria nem mentor nem conselheiro.
Teríamos um prazeroso bate-papo. E comecei dizendo que deveria gostar de
tacacá, de farinha do Uarini, pimenta murupi e caldeirada de peixe. Sim,
deveria saber ticar um peixe. Informou que já gosta de peixe, tacacá e
pimenta. Mas não sabia ticar peixe.
Ficou de aprender com a sua cozinheira já no dia seguinte.
Pareceu-me
bem determinada. Já sabia o básico. Deveria ir ao centro, merendar ovo coberto
com suco de maracujá. Pedir do vendedor uma coxinha de massa de mandioca e
recusar a coxinha de trigo. Não chamar bombom de bala. Bala só de cupuaçu ou
castanha. Chamar cabide de cruzeta, menino de curumim e menina de cunhatã. Se
você não souber o nome do porteiro ou do zelador, pode chamá-lo de “seu
menino”. Se no Sul fala-se vigiar o carro, aqui é reparar. A gente repara
crianças também. E repara também outras coisas. O que deve e o que não deve.
Pode-se usar a expressão “telezo” entre
amigos. Mas acusar alguém de leseira baré pode ser constrangedor. Amazonense
gosta de tomar banho de chuva quando criança. Mas quando adulto, se chove
muito, chama a chuva de toró, nunca tempestade. E fica em casa. Não sai nem
para ser enterrado. Deixa para o dia seguinte.
Tem que
torcer por um boi. Se for Garantido, evitar vestir a cor azul e nem pronunciar
o nome do Caprichoso. Dizer que é o boi contrário. Gostar mais de toada de boi
do que samba, gostar de praia de rio e banho de igarapé.
Ser
amazonense raiz é mais do que nascer na maior floresta tropical do mundo. É
mergulhar de cabeça na essência de uma cultura riquíssima. É preciso aprender a
respeitar e valorizar a floresta. Não basta admirar sua beleza de longe; é
preciso entender seu ritmo, sua riqueza e diversidade.
Um
verdadeiro amazonense se orgulha de sua história. Conhece as lendas indígenas,
as histórias dos seringais, o valor da floresta para a sobrevivência de todos.
Sabe receber as pessoas com um sorriso, dividir um peixe assado na beira do
rio.
Ser
amazonense raiz também implica em estar conectado com a natureza de maneira
consciente. Valorizar os rios, as matas, os animais. Defender a floresta e seus
povos, porque ela é nossa fonte de vida e identidade.
É preciso amar esta terra de verdade — com
orgulho, com coragem, com esperança. Porque ser amazonense é muito mais do que
uma origem; é uma atitude de amor. E assim, quem abraça essa essência, vive e
respira a alma do caboclo, torna-se, de fato, um verdadeiro amazonense.