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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Evitando a doença entre os hebreus



João Bosco Botelho

As práticas médicas hebraicas na antiguidade tinham normas bem definidas e voltadas à profilaxia das doenças. Os livros sagrados continham leis rígidas que organizavam os direitos e deveres dos médicos e doentes.
O conjunto normativo do monoteísmo judaico foi elaborado em tempos diversos e seguido com obediência nos séculos seguintes. Parece justo entender que essa fidelidade, que também incluía as normas de higiene e alimentação, contribuiu na sobrevivência sadia desse povo.
Os hebreus, como outras culturas escravistas que floresceram nas margens dos rios Tigre, Eufrates, Nilo e Indo, atribuíram às divindades protetoras e vingadoras, respectivamente, poderes de curar as doenças e provocar a morte de pessoas e animais domesticados.
Parte da construção social do povo Hebreu está presente no Antigo Testamento (AT). Segundo o livro do Gênesis, Taré, membro de uma tribo semita, grupo étnico descendente de Sem (filho de Noé), acompanhado de sua família, abandonou a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e caminhou em direção ao Sul, pelas margens do Eufrates. Com a morte de Taré, a liderança dessa tribo nômade ficou com Abraão, que, sob inspiração divina, dirigiu o seu povo até Canaã, a terra prometida. A ocupação desse território, posteriormente chamado Israel pelos hebreus, foi organizada por Jacó.
Sob a liderança de Moisés, entre 1270 a 1220 a.C., os hebreus iniciaram a partida do Egito. Após a morte desse patriarca, sob a liderança de Josué, chegaram à Palestina e, pouco depois, conquistaram parte de Canaã. Nessa época, o povo hebreu estava dividido em doze tribos que mantinham entre si laços sociais nem sempre harmoniosos.
 A partir de uma inscrição do século 9 a. C., os especialistas acreditam que os hebreus utilizavam o alfabeto semelhante ao fenício arcaico. Contudo, desde que o aramaico chegou à Pérsia, os israelitas adotaram-no, culminando com o atual hebreu.
Quando o império babilônico foi derrotado por Ciro, rei dos persas, os hebreus foram libertados e voltaram à região da antiga Jerusalém. Com a plena liberdade de povo livre, novamente, ergueram o templo.
Desde então, sustentando lutas permanentes com diversos povos da região, em 63 a. C., sucumbiu ao poderio romano.
Nos primeiros anos da dominação, não houve interferência nos ritos das crenças religiosas dos judeus. Mas, no ano 70, com a impostura divina do Imperador, como lei, e a recusa de os judeus, o poder romano ordenou a destruição de Jerusalém. Como consequência, o povo se dispersou no mundo.
No monte Sinai, Moisés recebeu de Deus as tábuas com os Dez Mandamentos, provavelmente, correspondentes ao núcleo mais antigo da Torá. As permissões e proibições contidas nesse extraordinário instrumento religioso de organização social devem ter sido estruturadas em torno do conhecimento historicamente acumulado.
Os hebreus dos períodos bíblicos como os outros povos escravistas acreditavam a doença como castigo divino e o sinal de pecado. Dessa forma, representando a impureza, os enfermos eram isolados da comunidade e, pelo menos em certas doenças infecciosas era possível diminuir a contaminação.

Como fruto do longo cativeiro, é certa a influência exercida pelos mesopotâmicos sobre os judeus em muitos aspectos sociais. É interessante assinalar que dedicar o sábado ao descanso, como preconizam, hoje em dia, os judeus, é igual às restrições assírias a todo tipo de atividade, durante o sétimo dia da semana, no qual o Rei também não tratava dos assuntos oficiais e os médicos não medicavam os doentes.