Pedro Lucas Lindoso
Convivo com jovens. Melhor, com aqueles que se tornaram
adultos há pouco tempo. A minha geração é aquela dos que nasceram pós-segunda
guerra. Não havia roupa de marcas e “herdava-se” um casaco, algumas roupas,
livros e material escolar dos irmãos mais velhos. As famílias eram de muitos
filhos. Hoje quem tem mais de um casal de filhos é excêntrico.
“De boa na lagoa”, me diz um jovem profissional, que se
recusa a casar numa idade em que já tinha meus dois filhos. Hoje muitos não
precisam se apressar para casar. Namorar hoje em dia é como, dizem, “suave na
nave”.
No tempo em que se dizia: “É uma brasa, mora”. Namorava-se.
Mas o namoro com meninas de família tinha limites. Namorava-se, como diz meu
amigo advogado, o Dr. Chaguinhas, “lato senso”. Para se namorar “estrito
senso”, segundo o Chaguinhas, tinha que casar, ou pelo menos ficar noivo.
Essa nova geração parece bem mais preparada. Do ponto de
vista das habilidades é capaz de usar “high tech” com facilidade. Encontraram
desde jovenzinhos acessos facilitados à cultura e bons colégios. Aprendem
línguas em cursos multimídia. Conhecem
lugares do mundo em viagens de intercâmbio e em férias, que outras gerações
morreram sonhando em ir por lá.
Mas parece que estão sempre com pressa. Antigamente
esperávamos uma semana para ter fotos reveladas. Mas agora tudo é mais fácil.
Talvez alguns achem que a vida é mesmo muito fácil.
Mas não é. Ninguém nasce herdando toda a felicidade do mundo.
Os problemas do cotidiano fazem parte da vida. Não precisa acreditar que a vida
é “um vale de lágrimas”, mas não se pode auto enganar-se de que estamos longe
de sofrimentos e dor.
Todos nós temos que conquistar as coisas com muito trabalho e
muita coragem. Sem esquecer de que as conquistas devem e precisam ser pautadas
em princípios éticos, em exercícios diários de cidadania. De preferência
buscando sempre o caminho da honestidade.
É ótimo estar “de boa na lagoa”. Quem não gosta?! “Suave na
nave”, então, é maravilhoso. Mas infelizmente não se vive o tempo todo
“tranquilo que nem um grilo”. Infelizmente.