Amigos do Fingidor

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Para declamar no Natal


                                                                         Pedro Lucas Lindoso


Poemas são feitos para ser declamados e não simplesmente lidos. Ou seja, para recitar em voz alta, com os gestos e entonações apropriadas. Com técnica e conhecimento específico. Minha tia avó, Helmosa Fadoul, encantava a sociedade amazonense declamando versos. Isso, na primeira metade do século passado. Nos saraus, os declamadores ou declamadoras eram tão prestigiados e tão importantes quanto o pianista. E eram reconhecidos como tal. Dona Helmosa era citada como a melhor declamadora da cidade.
Mas ainda há declamadoras de escol. Nossa amiga Ana Maria Xavier declama com perfeição um dos poemas mais conhecidos entre os verdadeiros amazonenses: “Encontro das Águas”, de Quintino Cunha. E faz questão de usar vestido alusivo ao fenomenal encontro desses dois rios tão fundamentais para o Amazonas: rio Negro e rio Solimões.
Solange Bandeira me pede uma saudação de Natal. Encontro um poema de Luís Alves Pinto. Preciso de uma declamadora. Peço a Ana Maria Xavier que o recite, com sua técnica de excelente declamadora. Eis o poema:

Nasceu o Rei dos Reis
Quando a estrela de Belém brilhou no céu
Sua luz fez o anuncio e
Avisou aos três reis magos
Que o maior dos Reis nasceu
Seguiram sua luz até uma manjedoura
E lhe ofereceram os presentes
A mirra para curar as feridas dos homens
O incenso para trazer a mística e a fé em Deus
O ouro contido na Salvação do espírito
Neste natal deixe que o Menino Jesus
Despeje sobre você e sua família sua bendita Luz
Cure as feridas, desperte a fé em Deus
E o leve à Salvação Divina! Que assim seja!

Luís Alves Pinto foi poeta brasileiro nascido em Recife, no século 18. É pouco conhecido. Compôs vários sonetos e poemas. Versos que não podem ser simplesmente lidos e sim declamados. Um poema perfeito para declamar no Natal.