Amigos do Fingidor

terça-feira, 25 de junho de 2019

Do imposto e da morte...



Pedro Lucas Lindoso


Meu amigo Dr. Chaguinhas me relata que um cliente seu foi pego na malha fina do imposto de renda. O sujeito, durante danos, colocou dois sobrinhos como dependentes. Os meninos nem sequer moram com o tal contribuinte sonegador. Ele apenas é padrinho de um deles. E os ajuda, esporadicamente. 
Nos Estados Unidos o rapaz estaria preso. Aqui, vai pagar uma multa, o imposto devido e pronto.
Em viagem de férias à Europa visitamos a cidade de Bruges, na Bélgica. A cidade ficou esquecida durante séculos. Por essa razão é uma das cidades medievais mais bem conservadas do mundo. Muito próspera até o século 15. Sua rede de canais, comparados a Veneza, fez de Bruges importante centro comercial na Idade Média.
Onde há grande movimentação comercial e geração de riquezas há poder constituído. Consequentemente, coleta de impostos. E sempre haverá contribuintes tentando burlar o fisco. Daí surgem os “planejamentos tributários”, ora lícitos, ora ilícitos. As coletas de impostos medievais em Bruges tinham como fato gerador a quantidade de janelas das casas que davam para os vários canais e ruas da cidade. Para fugir dos impostos, os contribuintes simplesmente aboliam as janelas, tapando-as. Assim, pagavam menos impostos.
A carga tributária dos brasileiros é uma das mais pesadas do mundo. Os amazonenses viram aumentar a conta de luz, que é uma das mais caras do Brasil, em razão de aumento de alíquota tributária pelo governo do Estado.
Tia Idalina é uma das poucas pessoas que não reclama em pagar imposto de renda.  Ela recebe dois salários de professora: um do estado outro do município. Além de uma felpuda pensão deixada pelo marido, membro vitalício de um generoso órgão colegiado, como há vários no país afora. E explica:
– Só paga imposto de renda quem tem renda. Eu pago. Graças a Deus. Veja a minha amiga Marilda, coitada. Recebe uma merreca de pensão do INSS. É isenta. Morro de pena. Além do que me descontam na fonte, eu pago. E com prazer.
Do imposto e da morte ninguém escapa, ensina tia Idalina.