50 anos sem Torquato Neto (9/11/1944 – 10/11/1972)
let’s play that
quando eu nasci
um anjo louco
um anjo solto
um anjo torto
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito solto
louco louco muito doido
com asas de avião
e eis que o anjo me disse
apertando a minha mão
entre um sorriso de dentes
vai bicho
desafinar o coro dos contentes
let’s play that
cogito
eu sou como sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem grandes secretos dentes
nesta hora
eu sou como sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim
pra dizer adeus
adeus
vou pra não voltar
e onde quer que eu vá
sei que vou sozinho
tão sozinho amor
nem é bom pensar
que eu não volto mais
desse meu caminho
ah,
pena eu não saber
como te contar
que o amor foi tanto
e no entanto eu queria dizer
vem
eu só sei dizer
vem
nem que seja só
pra dizer adeus
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Torquato Neto, ele mesmo. |
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Vivendo Nosferato no Brasil (1970), filme de Ivan Cardoso. |
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Na capa do icônico Panis et Circencis (1968): Os Mutantes (Sergio, Rita e Arnaldo), Tom Zé, Caetano (segurando foto de Nara), Maestro Duprat, Gal, Torquato e Gil (com a foto de Capinam). |