Zemaria
Pinto
Trocando
mensagens com o amigo poeta Donaldo Mello, Joaquim meteu-se na conversa,
trazido pelo obituário da Folha de São Paulo. Donaldo, amazonense morador de Brasília,
não o conheceu.
Comecei
a contar sobre a Banca do Largo, o Tacacá na Bossa e constatei que não lembrava
mais quando o conheci.
Mas, a última
vez que o vi, dia 16 de dezembro, foi antológica.
Uns
dois dias antes, ele me telefona e me convida a passar na banca, que ele tinha
uma novidade para mim. Nem adiantava insistir, porque eu só saberia da novidade
indo à banca, que só abria às 16h. Na sexta-feira fui lá. Ele me entregou um
pacotinho, com Um rio sem fim, da Verenilde Pereira, que eu encomendara
há meses. Só que era xerocopiado.
– Pô,
Joaquim, e o original?
– Ah,
meu amigo, o original, autografado, é meu...
Mas, a
historinha antológica não termina aí. Conversando com uma freguesa francesa, eu
já estava de saída, quando aparece... a Verenilde. A bela francesa nos
fotografou. E do Joaquim ficou a última lembrança...
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Zemaria Pinto, Verenilde Pereira, Joaquim Melo. |
É
importante registrar o papel da Banca do Largo na vida literária de Manaus. Os
frequentes lançamentos eram feitos ao ar livre. No último dia 9 de dezembro, tivemos
a Eliane Brum lotando o espaço em frente à banca. Além de La Brum, faziam parte da paisagem
habitual da banca Ailton Krenak, Milton Hatoum, professores universitários,
autores renomados e ilustres desconhecidos, acadêmicos, marginais, quadrinheiros etc.
E o
Joaquim, sempre sorrindo, tinha uma palavra de agradecimento a cada um.
Nós é que
te agradecemos, companheiro velho...
Nota: Joaquim Melo, economista, historiador, livreiro, agitador cultural, sofreu um enfarto no dia 20 de dezembro, vindo a falecer na madrugada do dia 1º de janeiro, aos 64 anos.