Espartanas tardias
Ecila Mabelini
Mulheres fortes se esconderam atrás de homens fracos
que o mundo saudou.
Mulheres fortes se entregaram com fúria e vontade, sem
temor e nem autopiedade às verdades que o coração revelou.
Mulheres fortes viveram dores escondidas em poços sem
vaidades e macularam verdades, sem culpa ou crueldade, apenas porque o corpo
sonhou.
Mulheres fortes maceraram sentimentos como unguentos
capazes de curar as feridas e os lamentos anavalhados pelo tempo.
Mulheres fortes foram punidas por serem aguerridas,
incontidas, pervertidas, incomuns.
Por não serem santas, por serem loucas, por serem
soltas.
Por não serem rastros, por terem lastro.
Mulheres fortes descalçaram algozes, acenderam vozes,
marcaram espaço; território sacro, fogueira que ninguém nunca apagou.