Pedro Lucas Lindoso
Neste
31 de agosto a Igreja comemorou o Dia do Catequista. Minhas homenagens àqueles,
principalmente os leigos, que se dedicam a essa sublime missão de ensinar às
crianças católicas os primeiros passos do Evangelho e das boas regras para ser
um bom católico.
A minha
catequista foi a inesquecível Madre Santos, do Colégio Santa Doroteia,
localizado na Av. Joaquim Nabuco, aqui em Manaus. Eu sou filho, irmão e
afilhado de salesianas. Mas fiz catecismo nas Doroteias. Eu, meus irmãos mais
velhos e as primas Daou.
Não sei
se eles se lembram, mas Madre Santos era extremamente carinhosa. Eu gostava de
ir ao catecismo. E a expectativa de fazer a Primeira Comunhão era um incentivo
para um menino ávido em deixar de vestir calças curtas. Fazer a Primeira
Comunhão e usar calças compridas era o sonho de qualquer garoto católico da
minha infância.
E
naqueles anos se fazia a Primeira Eucaristia bem novinho. Eu tinha seis anos
quando fiz a minha Primeira Comunhão. Seria no dia 3 de junho de 1963. Mas foi
adiada porque naquele dia morria em Roma o Papa João XXIII. Foi uma tristeza e
uma frustração inesquecíveis. Adiada para dezembro, aqueles foram os seis meses
mais longos da minha vida.
Naquela
idade eu já estava alfabetizado. Acho até que minha alfabetização foi
impulsionada pelas lições de Catecismo da Madre Santos. O requisito para o Catecismo era saber ler.
Hoje as crianças fazem Primeira Comunhão por volta dos dez anos. A Igreja
deveria rever isso. Nas cerimônias de hoje em dia, as vezes aparecem meninos bem grandes, já
pré-adolescentes. Antigamente, com crianças mais novinhas, algumas vestidas de
anjo, era mais pueril e angelical.
Finalmente
dezembro chegara. A alegria de uma criança católica ao fazer a primeira
comunhão é um momento de luz e descoberta. Lembro-me do coração pulsando como
tambor de festa. Ao se aproximar do altar, o ar cheirava a incenso; cada passo
parecia atravessar uma ponte entre o tempo da brincadeira e o tempo do sagrado
Naquela
manhã, o mundo pareceu ganhar um tom novo: simples, claro, e inteiro como o
mundo que Madre Santos com tanto afeto nos havia transmitido. Através de
desenhos e brincadeiras e leituras simples. Sem nos amedrontar. Madre Santos já
aplicava os princípios e o legado de João XXIII. Uma Igreja mais leve, próxima
e aconchegante. Seguindo as premissas do Concílio Vaticano II, fazia uma
catequese arejada e com carinho.