Amigos do Fingidor

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Catequese com carinho

 Pedro Lucas Lindoso

 

Neste 31 de agosto a Igreja comemorou o Dia do Catequista. Minhas homenagens àqueles, principalmente os leigos, que se dedicam a essa sublime missão de ensinar às crianças católicas os primeiros passos do Evangelho e das boas regras para ser um bom católico.

A minha catequista foi a inesquecível Madre Santos, do Colégio Santa Doroteia, localizado na Av. Joaquim Nabuco, aqui em Manaus. Eu sou filho, irmão e afilhado de salesianas. Mas fiz catecismo nas Doroteias. Eu, meus irmãos mais velhos e as primas Daou.

Não sei se eles se lembram, mas Madre Santos era extremamente carinhosa. Eu gostava de ir ao catecismo. E a expectativa de fazer a Primeira Comunhão era um incentivo para um menino ávido em deixar de vestir calças curtas. Fazer a Primeira Comunhão e usar calças compridas era o sonho de qualquer garoto católico da minha infância.

E naqueles anos se fazia a Primeira Eucaristia bem novinho. Eu tinha seis anos quando fiz a minha Primeira Comunhão. Seria no dia 3 de junho de 1963. Mas foi adiada porque naquele dia morria em Roma o Papa João XXIII. Foi uma tristeza e uma frustração inesquecíveis. Adiada para dezembro, aqueles foram os seis meses mais longos da minha vida.

Naquela idade eu já estava alfabetizado. Acho até que minha alfabetização foi impulsionada pelas lições de Catecismo da Madre Santos.  O requisito para o Catecismo era saber ler. Hoje as crianças fazem Primeira Comunhão por volta dos dez anos. A Igreja deveria rever isso. Nas cerimônias de hoje em dia,  as vezes aparecem meninos bem grandes, já pré-adolescentes. Antigamente, com crianças mais novinhas, algumas vestidas de anjo, era mais pueril e angelical.

Finalmente dezembro chegara. A alegria de uma criança católica ao fazer a primeira comunhão é um momento de luz e descoberta. Lembro-me do coração pulsando como tambor de festa. Ao se aproximar do altar, o ar cheirava a incenso; cada passo parecia atravessar uma ponte entre o tempo da brincadeira e o tempo do sagrado

Naquela manhã, o mundo pareceu ganhar um tom novo: simples, claro, e inteiro como o mundo que Madre Santos com tanto afeto nos havia transmitido. Através de desenhos e brincadeiras e leituras simples. Sem nos amedrontar. Madre Santos já aplicava os princípios e o legado de João XXIII. Uma Igreja mais leve, próxima e aconchegante. Seguindo as premissas do Concílio Vaticano II, fazia uma catequese arejada e com carinho.