Amigos do Fingidor

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Atenção, COP30!

Pedro Lucas Lindoso

 

A cultura surge, segundo alguns antropólogos, quando o homem começa a cozinhar. Já se comia jaraqui moqueado aqui há muito tempo. Estudos arqueológicos nos mostram evidências de uso controlado do fogo, incluindo cozimento e manipulação de calor, por volta de 8.000 a 6.000 anos atrás. Há ainda sítios com indícios de cozimento em cerâmica, em ambientes de cozinha primitiva, entre 4.000 e 2.500 anos atrás.

Alguns antropólogos dizem que a cultura começa quando o incesto é reconhecido. O homem aprende quais mulheres pode e as que não pode acasalar. Esses fatos, como me ensinaram na disciplina Introdução à Antropologia, tornaram os humanos diferentes dos animais.  Também é ensinado como surgimento da cultura.

Eu entendo, na minha concepção de leigo em Antropologia, que a cultura nasce quando o homem começa a cozinhar. Mesmo porque muitos comportamentos de acasalamento são influenciados por instintos, sinais químicos, visuais e pelo ambiente. O incesto pode ocorrer, mas várias espécies possuem mecanismos que reduzem a chance de acasalamentos entre parentes próximos.

Na minha opinião a culinária deve ser o ponto chave do início da civilização humana. Até hoje, grupos étnicos, regiões, cidades, países e até continentes tem culinária, ou mesmo determinada comida ou prato que os caracteriza.

Quem disse que a cultura dos povos originários é inferior a cultura dos colonizadores europeus? Há quem acredite.  Mas é obrigação de todos nós respeitar e preservar. Há pelos menos 8.000 anos, repita-se, se come jaraqui moqueado ou cozido por aqui. Começaram a substituir pirarucu por bacalhau tem pouco tempo.

É preciso respeitar e preservar a cultura daqueles que cozinharam antes de nós. Muitas evidências são indiretas como microrresíduos alimentares, carvão vegetal, padrões de acidentes de fogo.  E as datas costumam ter margens de erro de algumas centenas de anos. Mas isso não importa.

Por outro lado, os indígenas sabem muito bem com quem casar para evitar degeneração. Cientes de que a consanguinidade pode aumentar a frequência de mutação genética e doenças recessivas. Muitas tribos planejam os casamentos com mais expertise do que “europeus civilizados e seus descendentes”.

É importante preservar a cultura de quem chegou e cozinhou há milênios atrás. Mas nem todos pensam assim. Eles vivem até hoje protegendo e respeitando a natureza. Fazendo extrativismo sustentável baseado em conhecimentos ancestrais. É essencial respeitar os indígenas. Sempre. Atenção, COP 30.