Amigos do Fingidor

segunda-feira, 4 de março de 2013

“Filma nóis aí”



David Almeida

 

A TV faz parte da nossa vida, já está inserida no dia-a-dia da nossa sociedade, como uma instituição de extrema importância na ligação da existência do ser humano com o planeta.

A internet, hoje, é o meio de comunicação mais importante do mundo, pela convergência de mídias que encorpa, mas ainda não atingiu a praticidade e a popularidade da Televisão em todos os níveis da sociedade.

Quem não chega em casa e vai logo ligando a TV? Principalmente quando ela divide o quarto, fazendo parte das emoções e até dos momentos mais íntimos, entre quatro paredes. Há pouco tempo ela era o centro de todas as atenções nas salas do chamado “lar doce lar”, e era costume as pessoas ao final do dia, reunirem-se para a sua apreciação, era um objeto de aglutinação familiar. Hoje, pra quem tem bala na agulha, em cada quarto é obrigatório uma TV para alimentar cada gosto por programações. Como outra dimensão, exige-se essa janela aberta para o mundo, que queremos ver, embora haja distinção de padrão social a imagem é a mesma em qualquer lugar; num casebre no meio do “Bodozal da Sapolândia”, ou numa mansão no“Jardim das Américas”. A diferença é só a realidade de cada “lar doce lar”. 

Liga-se a TV como quem liga as luzes de uma casa ao entrar. Pela TV acendem-se vários caminhos que poderemos ou não seguir. Como, por exemplo: há oportunistas, que em nome do “senhor,” armam suas teias através de programas assistencialistas, com cenas dos dramas vividos diariamente pelo povo; discursos demagógicos, justamente para impressionar e tirar proveito das situações, iludindo o telespectador, fazendo-o acreditar que é o salvador da pátria, usando essa telinha linda, colorida e maravilhosa como trampolim para a sua chegada ao poder.

Acordamos, tomamos café, almoçamos, merendamos, jantamos e vamos dormir com a TV. E, se duvidar, até sonhamos com ela.  Somos fiéis telespectadores; compramos, vendemos, nos vestimos e nos comportamos como a mestra mandar. Ela dita todos os passos de nossos caminhos contemporâneos, e é, portanto, responsável pela construção de nossa nova identidade: a cibernética.

Essa telinha que pensamos ser um caminho para as soluções dos nossos problemas, que nos traz entretenimento de uma forma prazerosa pode nos levar também a um mundo que não conhecemos. A ilusão que nos faz adorá-la e interagir com o mundo de uma forma rápida e eficiente pode nos levar a resultados não esperados, e aí, o ao vivo e em cores pode nos conduzir a uma sociedade alienada, trôpega turva e torpe, desprovida de pensamentos.

Mas, ela é fascinante, e exerce um domínio sobre nossas vidas, como se a própria vida em nosso planeta girasse ao seu redor. E é verdade! O fascínio é tanto que às vezes, hipnotizados com suas luzes, cores, performances, e a rapidez de nos transpor a outros cenários, outras culturas; a olhamos, a assimilamos, e não sabemos de nada do que acabamos de ver. Eis a questão.   

Aquele quadrado – agora retangular – de altíssima tecnologia é a janela da nossa própria vida, ou a vida que queríamos ter, e diante dela ficamos felizes ao ver a banda passar, ou quando o “Aerolula” cruzou o céu do planeta levando o nosso ex-presidente, para abraçar Mahmoud Ahmadinejad. Vimos Dilma receber a faixa presidencial e tantas outras coisas que nos chocaram ou nos deixaram felizes E diante dela choramos, sorrimos, julgamos, condenamos tudo porque pensamos que temos seu controle em nossas mãos. E quando pensamos que ela está ao nosso alcance, gritamos: “Filma nóis aí.”