Amigos do Fingidor

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Saci-Pererê ou Jack-o’-lantern?

Pedro Lucas Lindoso

 

Estamos no mês de novembro. O Halloween desse outubro ainda pandêmico teve comemorações cada vez mais animadas pelo país afora. 

Mas a tradição definitivamente não é vista com bons olhos por todos. Muitos evangélicos acreditam que comemorar o Halloween beneficia e faz apologia a bruxarias e magia negra. Há pedagogos ortodoxos que acreditam que esses festejos violam a inocência e a integridade psicológica de crianças, em especial aquelas abaixo de seis anos de idade.

Há ainda os que se apegam ao Direito. Durante o Halloween há muitos filmes de terror na TV e no cinema. Assim, evoca-se o art. 221 da CF, o qual remete ao “respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família”.

Culturalmente, a reação mais interessante ao Halloween foi a instituição do 31 de outubro como “dia do Saci-Pererê”. A data, criada em 2003, objetiva resgatar e valorizar o folclore do nosso país, promover a cultura nacional e tradições brasileiras.

Como sabemos, o Saci é um ser baixinho, negro, possui apenas uma perna, usa um capuz vermelho e se locomove com rapidez. É brincalhão, agitado e travesso. Na minha opinião, uma simpatia só.

Já o Jack-o’-lantern é uma abóbora iluminada, feita como enfeite. É a figura central do Halloween. A origem está no folclore irlandês. O tal Jack, que era miserável, convidou o capeta para tomar um drink. Negociou para que o Cão se transformasse em moeda. Ao final o capeta não ficou com sua alma. Contudo, fez Jack ficar vagando com uma única queima de carvão, dentro de uma abóbora, especialmente no Halloween.

 O que acontece é que o Saci-Pererê perdeu para o Jack-o’-lantern. A influência dos Estados Unidos no Brasil e no mundo é marcante. E muito ajudada por Hollywood.

      Não concordo com as razões pedagógicas, religiosas ou jurídicas para ser contra tanto com a figura do Saci-Pererê quanto ao Jack-o’-lantern. Afinal, tudo é folclore. São expressões culturais, costumes e tradições preservadas e passadas de uma geração para outra. O mundo seria muito chato sem o folclore e sem festas. Meu voto é para o Saci-Pererê.