Pedro Lucas Lindoso
Vivemos em tempos difíceis. A globalização e a internet
democratizaram as informações. Mas nem todos têm conhecimento e ética em
processá-las corretamente. O mundo está dividido. O mais grave é o afloramento
da xenofobia, racismo e intolerância.
A nossa Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, reza expressamente
que todos são iguais perante a lei. Homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações. Garante aos brasileiros e aos estrangeiros no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.
Folheando e relendo pela enésima vez a nossa Carta Maior, em
especial o artigo sobre igualdade, um eco de silêncio ressoava no meu âmago.
Era o silêncio daqueles que, por medo ou cansaço, não se manifestam contra as
desigualdades que ainda persistem. O racismo, a xenofobia, a intolerância —
essas chagas sociais ainda marcam nossa sociedade. Muitas vezes, as pessoas
preferem se calar, acreditando que a mudança é impossível, que o preconceito é
um mal inerente à natureza humana.
Lembrei-me de uma conversa que tive com um imigrante em
Brasília, quando da minha experiência no Ministério da Justiça. Contou-me sobre
as dificuldades que enfrentava ao se estabelecer no Brasil. O olhar triste
enquanto falava sobre discriminação e desprezo me fez perceber o quão doloroso
é viver em um mundo onde as diferenças são vistas como fraquezas. O que deveria
ser uma celebração da diversidade frequentemente se transforma em um campo de
batalha de estereótipos e preconceitos.
É fácil se perder na rotina, esquecer que cada um de nós carrega
uma história única. Precisamos, no entanto, nos lembrar de que o verdadeiro
progresso começa com pequenos gestos. Um sorriso, uma palavra de apoio, um ato
de solidariedade podem ser o primeiro passo para desconstruir as barreiras que
nos separam.
O pôr do sol em nossa capital é sempre deslumbrante. Da janela
do Ministério da Justiça o sol se punha no horizonte, tingindo o céu de cores
vibrantes, como se a natureza estivesse nos dizendo que a beleza está na
diversidade. E ali, naquele instante, percebi que o futuro é moldado por nossas
ações, por nossas escolhas.
Dizer não ao racismo e à xenofobia é um ato de coragem, mas
também de amor. Amor por nós mesmos e por todos que compartilham este mundo.
Que possamos ser, todos os dias, agentes de mudança, ecoando a mensagem de que
a diversidade é o que nos torna humanos e que juntos podemos construir um mundo
mais justo e acolhedor.