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Marta Cortezão lança meu silêncio lambe tua orelha. |
Marta Cortezão
está com o seu terceiro livro de poemas, meu silêncio lambe tua orelha
(Editora Toma Aí Um Poema/PR) em pré-venda pelo site de financiamento
coletivo Benfeitoria e pode ser acessado pelo endereço https://benfeitoria.com/projeto/lambe. A campanha vai até o próximo 1º de maio.
meu silêncio
lambe tua orelha revela uma
poética cartografia de silêncios que suscita infindos diálogos entre as
inúmeras vozes que se desviam, mas que, ao mesmo tempo, se encontram no corpo
nu, flexível e dinâmico da linguagem.
Diálogos que fogem à lógica e transcendem sua corporalidade semântica
bem como a essência das coisas e seus ruidosos silêncios, mas que não se
esgotam, pedem mais e mais interação. Do ponto de vista literário, o livro traz
uma abordagem poético-contemporânea sobre a escrita de autoria feminina e seu
devir criativo, mas não somente.
A escritora Vania
Clares (SP), que assina a orelha do livro, opina que meu silêncio lambe tua
orelha “nitidamente nos remete ao universo feminino numa dimensão
diversificada e vasta. A poeta parte das citações de outras escritoras e
embrenha-se com maestria em cada palavra para escrever o poema, não só acatando
o sentido na sua interpretação, mas criando um corpo que complementa as
premissas. (...) Muito mais que isso, a elasticidade dos silêncios devora o corpo
desde as entranhas até a alma, quando escancara a sua compreensão de mundo,
vivência esta que exercita freneticamente.”
Uma amostra da
poesia de Marta Cortezão:
Eu
não nasci rodeada de livros, e sim rodeada de palavras.
{Conceição
Evaristo}
geossintaxe
com
passos indecisos
percorro
as sentenças
da
língua que me devora
reviro
os escaninhos
dos
verbos obtusos
cuja
geometria
adensa
os advérbios
que
florescem das pedras
meus
sapatos sujos de pausas
deixam
todas as pegadas
órfãs
de sintaxe-delírio
onde
guardei a palavra exata
com
gosto de chuva?
onde
minha língua
se
entrelaçará na tua
para
cópula ardente
de
neologismos?
quando
o sexo verbal
gozará
metonímias
em
teu corpo metáfora
afro
afrodisíaco
Afrodite
de palavras?
A poeta,
escritora e professora Lucila Bonina, ao ler o poema “geossintaxe” que compõe o
terceiro poemário de Marta Cortezão, afirma o seguinte: “‘geossintaxe’ é um
poema sussurrado por voz afrodisíaca: interroga, induzindo a resposta; oculta,
sugerindo onde encontrar; provoca a memória silenciada a vislumbrar um futuro
sonoro. Cai na alma como escudo e inspiração. É assim que me toca o poema de
Marta. A força que emerge da voz poética feminina que sabe de si e de outras,
da língua e do mundo, da luta e do amor.”
Nas palavras de
Marta Cortezão, o livro surge “de um silêncio ancestral, social, histórico e
político (...). É um compêndio de sonhos repleto de um silêncio eloquente que
pede revoada, exige o movimento, o grito, a voz, o canto, a alma, o corpo com
todos os seus sentidos, a dança, a liberdade para conjugar o verbo existir em
toda sua amplitude, essência e intensidade (...), porque a linguagem que se
(re)move em “distraído silêncio” é pássaro indomável, flana livre, foge e se
desata mundo afora em busca do “fero desejo de pássaros” a esticar infinitos.”
A proposta da autora é de que o livro possa ampliar o diálogo com outros olhos
leitores, dedilhando outras silentes notas que, por sua vez, romperão a
barragem de outros desconhecidos silêncios, “deixando seu rastro / azul de céu
/ no mar das coisas / inomináveis”, porque a poesia é correnteza de águas
fluindo linguagens.
Os silêncios são
o adubo para escrita da autora e ganham, dentro de sua textura volátil e
paradoxal, liquidez e profundidade linguístico-poéticas. Para Cortezão, há
silêncios que gritam, outros que sugerem, outros que cantam, outros que
libertam, outros que aprisionam... Há tanta vida nos silêncios que se
solidificam em nós, também nas memórias não vividas que herdamos pela
linguagem... Há uma solidão sonora, fria muitas vezes, que brota das pedras, do
vento, das águas, de lugares impensáveis para não dizer, mas sempre dizendo do
inominável... É preciso afinar os sentidos! Há sempre tanto para essa condição
real e humana de sermos tão pouco ou nada no mundo! Eis aqui o que há:
silêncios, aqueles no quais nos converteremos quando tudo chegar a ser nada.
Sobre a autora
Marta Cortezão
(@martacortezaopoeta) nasceu em Tefé, no Amazonas. É escritora e poeta. Possui
publicações em antologias nacionais e internacionais. Livros de poesia
publicados: Banzeiro manso (Porto de Lenha Editora, 2017), Amazonidades:
gesta das águas (Penalux, 2021), Zine Aljavas para Cupido (2022). meu
silêncio lambe tua orelha (TAUP, 2023) é seu terceiro livro de poesia.
Colunista da Revista Literária Voo Livre. É idealizadora das Tertúlias
Virtuais (Prêmio APPERJ/2021) e do blog Feminário Conexões (https://feminarioconexoes.blogspot.com/).
Serviço
meu silêncio
lambe tua orelha (poesia, 87 p.;
editora Toma Aí Um Poema/TAUP). R$ 40,00.
Pré-venda: https://benfeitoria.com/projeto/lambe