Pedro Lucas Lindoso
2025 chegou com novidades para os manauaras. Ou
manauenses. A volta das corujinhas. Em
Brasília as chamam de pardais. Para mim, a ave mais adequada seria o corvo.
Geralmente o corvo é interpretado como indicativo místico de mau presságio. O fato
é que possivelmente dentro de alguns meses a cidade vai parar. Manaus está
saturada de carros. Ninguém aguenta mais o trânsito da cidade.
Manaus fica cercada pela floresta amazônica. E tornou-se
também uma selva de buracos, congestionamentos, obras e azulzinhos conferindo e
anotando placas dos carros.
No início, a faixa azul serviu para afugentar os flanelinhas.
Agora eles voltaram. Paga-se para estacionar e paga-se para reparar o carro,
como diz o outro. Quem é o outro? Ninguém sabe quem é o outro. Melhor pagar, senão
vai se arrepender.
Os diversos prefeitos insistem em construir viadutos. Quanto
mais viadutos mais carros aparecem.
São anos e anos de crescimento desordenado. A nossa cidade
parece que não se preparou para a era dos carros. Parou no tempo das catraias.
A babá da minha irmã morava em São Raimundo. Ela vinha trabalhar de catraia.
Nunca se atrasou. Sua sobrinha, que hoje é diarista, vem de ónibus. Mora na
mesma casa. E se atrasa devido ao engarrafamento.
Antigamente, só tinha engarrafamento na hora do rush. Uma
palavra do Inglês que significa pressa, avanço, corrida. Justamente o que não
acontece nessa hora. Não adianta ter pressa porque nada avança e não tem como
correr.
Antigamente, os engarrafamentos tinham hora e local. Avenida
Djalma Batista e Paraíba entre cinco e seis da tarde. Quem gostava deles era só
dirigir-se, de carro obviamente, para essas avenidas no horário. Os
engarrafamentos eram portanto mais organizados e previsíveis. Agora não. Toda
hora e todo lugar engarrafa. Desordem total.
Ainda tem as centenas de sinais luminosos. Ou semáforos. Nem
todos são obedecidos. Principalmente pela noite e madrugada. Os outros sinais
que não são luminosos também são bastante desobedecidos. Principalmente onde é
proibido parar e estacionar.
E temos as motos. Mas isso e para outra crónica. E não se
esqueça. As corujinhas voltaram. Coruja não fala como os papagaios. Mas presta
muita atenção. E multa.