desvãos
Marta Cortezão
Quem ri quando goza / é poesia/ até
quando é prosa
(Alice Ruiz)
meu silêncio lambe tua orelha
e se arvora feito cobra
para infiltrar-te o veneno
meu silêncio se espicha
pelas frestas feito lagartixa
para roubar-te a fala
meu silêncio aflora
e ri que goza
quando lambe
quando cobra
quando se larga e atiça
para confundir-te as horas
e de olhos nos olhos
alimentar-te a prosa
com íntima poesia