Pedro Lucas Lindoso
Dizem
que o Brasil está polarizado. Na semana da pátria é bom refletir. Para mim,
polarizado significa estar dividido entre opostos. Estamos divididos entre
patriotas e não patriotas? Entre entreguistas e não entreguistas? Não acredito.
Como
todo 7 de setembro, inclusive os da minha infância de menino amazonense, a
cidade acorda em tons de verde e amarelo.
Não é
crível que estejamos neste feriado cívico, entre “patriotas” vs. “não
patriotas”.
Vejo
brasileiros comuns com motivações diferentes. Há os que valorizam a memória
histórica. Outros que se preocupam com as oportunidades para as crianças. Há os
que criticam políticas públicas sem abrir mão de amar o país.
Mas
sinto algum conflito no ar. Numa conversa de elevador, num grupo de WhatsApp.
Mas há algo que une a todos. São desejos de dignidade, respeito e curiosidade
pelo futuro.
Mas
cada personagem parece trazer uma única pergunta que não se resolve: o que
significa amar o país se ele não for perfeito?
Li em
algum lugar e anotei: “A pátria não é uma casa com todas as portas fechadas ou
todas as janelas abertas; é um corredor onde cada pé encontra um degrau
diferente.”
O meu
sincero desejo hoje é sentir que o sentimento de valorizar o nosso país seja no
exercício em ouvir. Ouvir o vizinho que valoriza a memória histórica sem negar
a urgência das oportunidades para as crianças; ouvir o professor que celebra
tradições ao mesmo tempo em que aponta para o desejo de dignidade.
Sim.
Precisamos de dignidade. Para quem trabalha, para quem estuda, para quem cuida.
Na
semana da pátria não se deve insistir na polarização. Mas em caminhar juntos,
mesmo quando o caminho não é reto nem claro. Amar o país, aqui, não é aceitar
tudo como está, mas participar dele com responsabilidade, humildade e
paciência. Neste dia o cronista faz um convite a amigos supostamente
polarizados. O convite para transitar o meio-termo entre orgulho e reparo,
entre memória e inovação. A pátria não se vence com certezas absolutas; ela se
constrói, dia a dia, em pequenas atitudes de escuta, em decisões informadas, em
respeitar direito do outro de enxergar o mundo com cores diferentes. Que tenham
tido um bom feriado.