Amigos do Fingidor

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A poesia é necessária?

 

Vandalismo

Augusto dos Anjos (1884-1914)

 

Meu coração tem catedrais imensas,

Templos de priscas e longínquas datas,

Onde um nume de amor, em serenatas,

Canta a aleluia virginal das crenças.

 

Na ogiva fúlgida e nas colunatas

Vertem lustrais irradiações intensas

Cintilações de lâmpadas suspensas

E as ametistas e os florões e as pratas.

 

Como os velhos Templários medievais

Entrei um dia nessas catedrais

E nesses templos claros e risonhos...

 

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,

No desespero dos iconoclastas

Quebrei a Imagem dos meus próprios sonhos!