Foi há exatos 25 anos que travei, por intermédio de jovens amigos comuns , contato pessoal com o poeta Jorge Tufic, a quem aprendera a admirar a distância . Uma qualidade desconhecida foi logo realçada naqueles encontros iniciais : a generosidade do poeta , capaz de dedicar horas de seu raro tempo para nos passar noções de poética – versificação, metro , ritmo . Falar , nem sempre bem , das vanguardas ainda em voga : a poesia concreta , a poesia-práxis, o poema-processo, a poesia de muro . Sobre os poetas que , parte do cenário mundial, começavam a ser conhecidos e estudados no Brasil, e mereciam nossa atenção , como Eliot, Pound, Cummings. A sua paixão pelo soneto , da qual eu não compartilhava, inicialmente . Tudo isso entremeado por deliciosos “causos ”, envolvendo os amigos do Clube da Madrugada . O dedicado professor seria contemplado, 23 anos mais tarde , com o Prêmio Nacional de Ensaio , da Academia Mineira de Letras , para o seu Curso de Arte Poética . “Um lance de dados jamais abolirá o acaso .” O professor Tufic não o era por acaso ...
“Poeta não se define: é um ser à parte .” A análise de uma obra literária de qualidade dispensa a teoria literária e todos os seus (pre)conceitos , buscando engendrar uma nova teoria , específica e apropriada unicamente àquela obra sobre a qual nos debruçamos. Um novo livro de Jorge Tufic é uma oportunidade ímpar para deixarmos de lado tudo aquilo que aprendemos e iniciarmos um novo aprendizado do que é a poesia lírica neste início do século XXI.
Estreando em livro em 1956, com Varanda de Pássaros , Jorge Tufic construiu, nestes quase 50 anos , uma poesia rigorosa e reflexiva , mas sobretudo inquieta: Das pedras que lavro, diz ele no poema “Ofício ”,
soltam-se, às
(*) Discurso em sessão pública da Academia Amazonense de Letras, no dia 18 de junho de 2005, apresentando o livro O sétimo dia, de Jorge Tufic.
Foi publicado no n° 27 da Revista da AAL.
Foi publicado no n° 27 da Revista da AAL.