A baforada do vazio
(fragmento de O drone de Yebá Buró)
Thiago Roney
Antes o mundo não existia
resistia o puro silêncio alado,
sempre incalculável,
do despovoado.
Antes o eu das coisas não existia
subsistia a poesia despida de fome,
sempre incessante,
do sem nome.
Antes o tempo não existia
persistia o instante bruto e contido,
sempre imóvel,
do infinito.
Antes o verbo não existia
insistia a voz muda e desmedida,
sempre ininterrupta,
do não-nascido.
Antes a forma não existia
remanescia o conjunto aliviado
sempre indizível,
do desabitado.