A sombra
Isaac Melo
sobre
coisas e gentes,
o
seu sangue escuro,
a
noite derrama
corta
o vazio, o silêncio da palavra
úmido
de corpos, incógnitas
um
cachorro louco
ladra
no vazio das almas
é
noite, os olhos grávidos
dão
luz às sombras
que
habitam a nossa madrugada
das
ontológicas mãos escapam
as
vísceras das horas
nas
entranhas, deuses e demônios,
plasmam
o todo aos pedaços
catar
sentido nos escombros
perdidos
universos paralelos,
luta,
destemida e vã, trava
contra
toda penumbra
até,
por fim, solitário, sucumbir
abraçado
à própria sombra