Amigos do Fingidor

terça-feira, 22 de abril de 2025

Rei dos Reis

Pedro Lucas Lindoso

 

No Domingo de Ramos celebramos a chegada de Jesus a Jerusalém. Foi aclamado pelo povo com ramos de palmeiras e panos estendidos no chão.  Uma chegada triunfal. Porém sem pompas e circunstâncias. Ao contrário. Estava montado num jumentinho. Mesmo assim foi aclamado pelo povo como rei.  Mas houve uma conspiração. O golpe foi dado por Judas. E quem estava no poder terreno continuou. A conspiração deu certo. E Jesus foi julgado pelo Sinédrio.

O Sinédrio, na época de Jesus, era o conselho religioso e judicial dos judeus em Jerusalém, responsável por questões religiosas e algumas questões civis. O processo que levou à condenação de Jesus, conforme os Evangelhos, teve várias irregularidades, como a falta de um julgamento justo, a apresentação de testemunhos contraditórios e a pressa em julgar.  Sem qualquer observância ao devido processo legal. Se considerarmos o contexto jurídico moderno, é possível argumentar que, em um tribunal democrático de nossos dias, Jesus teria direito a um julgamento mais justo, com defesa adequada, contraditório e ampla defesa.

Essa comparação é interessante e ressalta como os sistemas de justiça evoluíram ao longo do tempo e como a proteção dos direitos individuais é uma preocupação central nas democracias contemporâneas. Se considerarmos a traição de Judas sob a perspectiva do sistema jurídico contemporâneo, a análise seria bastante complexa. A traição, conforme entendida no contexto bíblico, refere-se ao ato de Judas Iscariotes entregar Jesus às autoridades, o que levou à crucificação.

No Brasil, a traição em si não é um crime tipificado como tal, mas Judas poderia ser acusado de crimes relacionados, como conspiração ou até mesmo homicídio, dependendo das circunstâncias. No entanto, a análise jurídica não se restringe apenas ao ato em si, mas também ao contexto, às intenções e às consequências.

Um tribunal moderno consideraria diversos fatores, como a real motivação de Judas. Se teria Judas sido coagido ou manipulado e o real impacto de suas ações. Se foi o responsável direto pela morte de Jesus ou se foi apenas um facilitador. Judas teria o direito a um julgamento justo e a se defender das acusações.

Dessa forma, embora Judas pudesse enfrentar acusações graves, o resultado dependeria de muitos fatores, incluindo a interpretação das leis, o contexto e a defesa apresentada. É uma discussão interessante sobre moralidade, ética e justiça ao longo da história.

Todavia, Judas nunca foi julgado. Ele mesmo tirou sua vida. Enforcou-se. Por remorso ou arrependimento? Eis a questão. Jesus foi injustamente julgado, condenado e crucificado. Ressuscitou e tornou-se para sempre Rei dos Reis.