Moyses Mota
O livro de memória de Ademar Gruber O garoto que não quis envelhecer (Editora Travessia, 2010), embora não seja a intenção do autor, é um livro obrigatório para homens (claro, as mulheres podem e devem lê-lo). É um livro para pais. E filhos, também.
Para homens porque, embora um livro de memórias, fala de dor. Dor de homem. Como fala de amor. Amor de homem. Um amor pouco descrito, ainda, principalmente da forma como aqui está, sem pieguismo, sentimentalismo, culpa ou desespero. É um amor que se sobrepõem à dor.
A narrativa é de um pai, que pega a sua câmera da memória e a liga “no dia do parto”, conduzindo-a com maestria até que “Um silêncio angustiante toma conta de todos”.
É um livro para homens porque mostra – e prova –, como é difícil, nos dias de hoje, ser e estar pai. Porque mostra um homem desnudando-se, em alma e razão, à uma sociedade que desmorona, por entre tantos motivos, porque, na gênese, pais negam-se a ser PAIS, omitindo-se ou optando pelas facilidades de ser, tão somente, “amigos” dos filhos.
Em uma narrativa segura, serena, a emoção vazada na tonalidade devida, sem afetar a condução, o autor só peca em não ter avançado mais.
Os leitores sentirão uma imensa empatia pelo personagem, o que estimulará a curiosidade em saber mais de seus sonhos e “aventuras” contadas pelos seus contemporâneos, seu círculo pessoal. Fica aquele “gostinho de venha mais!”
Afinal, todos nós temos em nossas famílias ou de amigos, nesse exato momento, um Ademarzinho, e precisamos entendê-los melhor.