Jorge Tufic
Em respaldo ao que afirmo, Os exílios do homem, que emplaca exatamente o 24º de sua obra, ilumina-se, com algumas variações, dos mesmos índices constantes dos livros anteriores: “parábola”, “réquiem”, “pedra”, “medula”, “tempo”, “candeia”, “holocausto”, “rebanho”, “centauro”, “clepsidra”, “harpa”, “chama”, “zodíaco”, “orgasmo”, “abutre”, “infância”, “alaúde”, “gorjeio”, “espiga” etc. etc., particularmente aqueles que integram a “individualidade” marcante do autor, a exemplo de “antúrio”, “purgatório” e “túnica”, inclusive mitos gregos e referências a passagens bíblicas de conteúdo profético.
Esta última conquista de sua estante sempre vígile ao “gotejar dos minutos”, posto que sólida e perene, acha-se dividida em duas partes – a primeira, contendo 64 poemas, e a segunda, dez (X) miniaturas; ou seja, em minha fraca opinião, temas ou segmentos de estatura épica resumidos em poucas estrofes de aconchego lírico. Resgates, momentos-monumentos, lembranças da infância, réquiens, a humanização da paisagem geográfica, o ciclo vital, os presságios, a onipresença da amada, as horas domésticas, habitat fictício, o pasto, o brinde solitário, a morte, o êxtase, as ruínas, o vento, a chuva e o perfil dos retratos da antessala perempta, continuam presentes neste livro de Francisco Carvalho. As quadras, o dístico, o terceto, entre várias outras composições de pequeno porte, contudo, lhe imprimem a totalidade uníssona de uma partitura que tivesse como orquestra a um sucinto vocabulário de triunfos e demolições. O enigma da vida e da morte pendula, aqui, entre o sarcasmo e a perplexidade.