Simão Pessoa*
No próximo dia 29, acontece uma nova eleição na Academia Amazonense de Letras (AAL) para escolha do novo acadêmico que vai ocupar a cadeira do saudoso poeta e jornalista Narciso Lobo (na foto ao lado, conversando com Roberto Mendonça).
Dois candidatos estão na disputa: o historiador Roberto Mendonça e o advogado Almino Affonso, ex-vice-governador de São Paulo.
Se eu pertencesse à Academia, com absoluta convicção votaria no historiador porque ele possui suas raízes fincadas neste chão.
Almino Affonso (foto abaixo) nasceu em Humaitá, mas desde 1958 só vem ao Amazonas rigorosamente a passeio.
Após 12 anos de exílio (1964-1976), ele retornou a São Paulo e foi secretário dos negócios metropolitanos de São Paulo no governo de André Franco Montoro, vice-governador do estado de São Paulo na gestão de Orestes Quercia, além de deputado federal e conselheiro da república.
Também foi candidato derrotado a governador em 1990, pelo PDT.
No ano 2000, foi secretário Municipal de Relações Políticas do rápido governo do prefeito paulistano Régis de Oliveira.
Quer dizer, Almino Affonso tem mais a ver com a Academia Paulista de Letras do que com a Academia Amazonense de Letras.
Roberto Mendonça nasceu em Manaus, no outrora bairro de Constantinópolis, hoje de Educandos, nos fundos do cine Vitória.
De origem humilde, foi interno do Seminário São José de Manaus, mas terminou a vida profissional como coronel aposentado da Polícia Militar do Estado.
Aposentado, ele resolveu caçar notas e fatos jornalísticos em páginas amareladas. Muitas, amareladas demais.
Ao trazer à lembrança fatos passados, nem sempre edificantes, Roberto Mendonça presta um serviço inestimável a quantos se empenham de alguma maneira – por necessidade acadêmica ou por curiosidade – com a história amazonense.
Membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas desde 1994, Roberto Mendonça (foto ao lado) é autor dos livros “L. Ruas: itinerário de uma vocação”, “Intérpretes de Aparição do Clown”, “Catando papéis e escrevendo histórias”, “Cândido Mariano & Canudos”, “Os Bombeiros de Manaus”, e “Administração do coronel Lisboa”.
Quando soube que Roberto Mendonça era candidato à academia, o escritor amazonense Rogel Samuel, atualmente radicado no Rio de Janeiro, escreveu o texto abaixo, que endosso com fervor:
Leio que Roberto Mendonça é candidato a uma vaga na Academia Amazonense de Letras. Ninguém melhor do que ele pode servir à Academia.
Conheci-o há anos, na biblioteca da UFAM, em Manaus, na rua Ramos Ferreira. Ele já pesquisava os textos dos antigos acadêmicos: Ramayana de Chevalier, Genesino Braga etc.
Ele sabia que eu fui o primeiro a colocar na Internet os autores daquela época de ouro da AAL: Álvaro Maia, Péricles Morais, João Leda.
Ele sabia do meu gosto pelos autores amazonenses: André Araujo, Hemetério Cabrinha, Mavignier de Castro, João Nogueira da Mata, Pe. Nonato Pinheiro, Moacyr Rosas e tantos outros.
Tivemos grandes prosadores, antes dos grandes poetas do Clube da Madrugada.
Mas um livro em particular logo nos uniu naquele dia: “Aparição do Clown”, de L. Ruas.
Eu só tinha um xerox do livro, mas mesmo assim consegui colocar o livro no meu site, tempos depois.
Roberto Mendonça tem tudo para entrar na academia, vários livros importantes.
E, principalmente, amor pela literatura amazonense.