Jorge Tufic
A primeira e última vez que estive com Alphonsus de Guimaraens Filho traz a data que ele mesmo apôs na dedicatória de sua Antologia Poética, em Brasília: 13/09/1970. Estávamos formando um grupo no hall do Hotel Nacional, além de nós dois, Malba Tahan, Adonias Filho, Dinah Silveira de Queiroz, Antonio Girão Barroso, Aires da Mata Machado Filho, Viana Moog, Áureo Mello, entre outros, recém chegados para o III Encontro Nacional de Escritores. A essa “lembrança muito cordial” do poeta viera juntar-se um outro livro de sua autoria, este de memórias, ofertado em Mariana pelo artista plástico Layon, de origem libanesa, em abril de 1996. São, portanto, dois volumes que guardo até hoje, ambos com as mais sentidas fragrâncias de Mariana, MG, cenário tanto da poesia quanto da vivência de pai e filho, raízes do simbolismo nacional. Sente-se a alma que habita essas páginas, do chão pisado com rosas e cinamomos aos episódios da vida cotidiana, sobressaindo-se, nelas, as reminiscências da infância, temperadas com humor, lirismo e evocações de família. Da Antologia, não sossegam de reclamar sucessivas releituras de um chamado soneto “Do Azul” e o poema “Cemitério de Pescadores”. De “Alphonsus de Guimaraens no seu ambiente”, um monólogo biográfico, todos os capítulos são belos e reveladores, daí que também registram a presença de Da Costa e Silva em Belo Horizonte, Martins Fontes e Belmiro Braga, o “trovador de Vargem Grande”, sem mencionar, aqui, as importantes achegas sobre Mário de Andrade, Carlos Drummond, Henriqueta Lisboa, a Academia Mineira e, sobretudo, Alphonsus de Guimaraens, o pai, falecido em 1921.