Zemaria Pinto
Neuzinha
Neuzinha era miúda,
magra, sem encantos. Mas tinha apenas 16 anos. Era filha de uma colega de
trabalho e estudava em um colégio do Centro, o que a tornava parte da humana
paisagem cotidiana. Um dia, aproximou-se de mim e chamou-me pelo meu nome – e
não tio, como me acostumara. Disse que queria ajuda em alguma matéria que a mãe
não dominava. Marcamos no sábado, em um hotel discreto. Eu chegaria antes,
preparando o ambiente. Nua, Neuzinha era um encanto. Especialmente, porque só
tinha 16 anos. Seios salientes, bunda abaulada, lábios fartos, Neuzinha
aprendia rápido. Meu caso com Neuzinha foi um flerte com a tragédia. Impossível
evitar a publicidade na província. Escândalos doméstico e funcional. Inquérito
administrativo. Ameaças de morte. Tudo porque ela só tinha 16 anos. A última
vez que a vi foi em Brasília. Ela fora admitida no banco e estava noiva de um
barnabé do senado. Fizemos uma festinha de despedida no Hotel Nacional,
recém-inaugurado, relembrando os velhos tempos. Estava mais bonita: plena de
carnes, os seios abaulados, a bunda farta, os lábios salientes. Mas já contava
22 anos.