Pedro
Lucas Lindoso
Maria
de Nazareth, com th, conhecida como dona Naná, ou simplesmente Naná, mas só
para os muito íntimos, é uma cabocla balzaquiana de bem com a vida. Ex-moradora
do Igarapé do 40, hoje tem uma habitação digna e respeitável em um dos novos conjuntos
no centro da cidade.
Ultimamente,
Naná só fala sobre a abertura do Mercadão. Depois de anos em processo de
restauro, finalmente o nosso mercado Municipal Adolpho Lisboa vai ser reaberto
ao público, em outubro próximo. Naná tem um sentimento atávico e familiar com o
Mercadão. Seu pai e seu avô foram comerciantes no local.
Naná está ansiosa para ver
como ficaram os "novos"
pavilhões. Sabe-se que a estrutra do mercado é formada por beirais abertos,
encimados por arcos de ferro, os quais são sustentados por colunas, também em ferro. Nas duas
fachadas principais, fechando os arcos, há gradis de ferro com ornatos
decorados, acompanhados por vidros coloridos. O Mercadão vai ficar uma beleza,
segundo um amigo de Naná que trabalha na municipalidade. Amigo esse que está
providenciando uma colocação para o Zé Mugunzá, atual marido de Naná, que sonha
em trabalhar por lá.
Apesar de seus quase
quarenta anos, Naná é casada atualmente com o Zè Mugunzá, um cabocão forte e
bem apessoado, de vinte anos de idade, que está monopolizando o comércio de
mingau no centro da cidade.
Naná, não trabalha, nunca
trabalhou e jamais vai trabalhar. É dona de casa. Tem quatro filhos, dois de
cada casamento anterior ao atual, com Zé Mugunzá. Além das pensões que recebe
dos ex-maridos, é teúda e manteuda pelo Zé Mugunzá, que, como já dito, produz e
vende, por conta própria, mingau nas ruas do centro de Manaus.
Vaidosa, Naná alega
absoluta falta de tempo para o trabalho. Afinal, tem que cuidar dos filhos, da
casa, do marido. E, claro, das unhas, dos
cabelos e da pele. No último domingo foi vista na Praia do Açutuba sendo
literalmente pincelada dos pés a cabeça por Zé Mugunzá, com uma substância branca
aquosa, vinda de uma tijelinha, com o objetivo de clarear os pelinhos do corpo
e suavisar a pele.
Uma amiga, também
ex-moradora do Igarapé do 40, pergunta a Naná se ela vai ajudar o marido no
comércio de mingau, quando o Mercadão reabrir. Nana foi enfática: Nem pensar!
Sou dona de casa. E nem preciso, meu marido é um próspero mingauzeiro.