Rogel Samuel*
Muito me alegra o bom livro de Zemaria Pinto, O conto no Amazonas.
São poucos os bons estudos sobre a literatura amazonense. Poucos. Arthur Engrácio, Jorge Tufic, Mario Ypiranga Monteiro, Djalma Batista, Pe. Nonato Pinheiro e poucos outros. O melhor é Ficções do ciclo da borracha (Manaus, Edua, 2009), de Lucilene Gomes Lima. Nunca se escreveu uma história da literatura amazonense aprofundada.
Outra vez o melhor é o segundo capítulo do livro da professora Lucilene Gomes Lima: “A abordagem do ciclo da borracha na ficção amazonense”, embora só trate da ficção temática. Mas são 40 páginas em que ela desenvolve uma profunda análise da ficção amazonense, desde O paroara, de 1899, de Rodolfo Teófilo, até os nossos dias.
A maioria dos críticos e historiadores da literatura amazonense se deixa seduzir apenas pelo Clube da Madrugada. E esquece o resto. E esquece, por exemplo, que no resto está Raul de Azevedo, um mestre que, ainda não sendo amazonense, viveu em Manaus e ali produziu muito de sua arte. Esquece também (pasmem!) Paulo Jacob, nunca bem estudado, talvez o nosso maior romancista. Nada diz sobre o cronista Afonso de Carvalho, o nosso cronista máximo, no mesmo nível de Rubem Braga. Álvaro Maia, grande poeta, é outro injustiçado, assim como Djalma Passos, Raymundo Moraes etc. Suma ignorância.
Por isso me alegra o livro do Mestre Zemaria Pinto, O conto no Amazonas.
Nada melhor para valorizar um autor do que o crítico. Foi o que fez magistralmente Zemaria Pinto com os autores com que compôs a sua antologia, como o já clássico Arthur Engrácio e o excelente Erasmo Linhares e os demais.
E a parte teórica do seu livro é clara, profunda e perfeita.