Amigos do Fingidor

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Medicinas pré-colombianas

João Bosco Botelho


ASTECA: De modo geral, as culturas pré-colombianas utilizavam as idéias e crenças religiosas na explicação e no tratamento das enfermidades. Entre as principais divindades, os registros residuais apontam para a deusa Tlazolteotl, que penetrava nos homens provocando a dor; o deus Xochiplli, da vegetação e da fertilidade; e o deus Xolótl-Nanavatzin, que torturava os homens com doenças nos órgãos sexuais.

            A Medicina asteca utilizava largamente o cacto peyotl no tratamento da dor. Esse vegetal contém vários alcalóides, entre eles, a mescalina, classificada como alucinógeno e com propriedades anestésicas. O progresso na arte cirúrgica foi enorme. Existem várias comprovações arqueológicas de amputações dos membros e trepanações do crânio (abertura cirúrgica da cavidade óssea da cabeça), semelhantes às encontradas nas comunidades pré-históricas.

A grande cidade de Tenochtitlán, na época da chegada dos espanhóis, dispunha de vasta rede de esgotos e banheiros públicos. Os mortos eram queimados ou enterrados fora dos muros das cidades e cada quarteirão era responsável pela limpeza e higiene das casas.

A primeira epidemia registrada, resultando na morte de milhares de indígenas, foi causada pela varíola trazida pelos espanhóis. Entre as muitas manifestações artísticas relacionadas à Medicina, destacam-se as pequenas estatuetas de argila detalhando com primor vários quadros clínicos: tumor de órbita, amputações, defeitos congênitos, doenças da pele e deformidades ósseas e musculares.

INCAICO: O conhecimento dos incas acerca das plantas medicinais impressionou os espanhóis. Duas delas alcançaram notável sucesso na Medicina ocidental nos séculos seguintes: a quinaquina  (Myroxylon peruiferum) cujo óleo era empregado no tratamento das feridas e que ficou conhecido nas farmácias da Europa como o Bálsamo-do-Peru. A outra, a coca, cujo principal alcalóide das suas folhas, a cocaína, se tornou, no século 19, a base da anestesia local em todo o mundo.

Importantes representações, em forma de pequenas estatuetas de argila, evidenciam amputações dos pés e das mãos, sugerindo terem sido práticas médicas com objetivo terapêutico.

Em antigo cemitério inca, foram encontrados muitos crânios trepanados, a maior parte datando de aproximadamente 1000 anos. Entre as pessoas que foram submetidas a essa cirurgia, muitas sobreviveram e morreram por outros motivos. Sem que seja possível obter resposta em torno das razões motivadoras, os estudos arqueológicos demonstraram que esses procedimentos médicos, no período pré-colombiano, foram semelhantes aos encontrados em diversos pontos da Europa, em comunidades ágrafas, no Neolítico, em torno de 10.000 anos.