João Bosco Botelho
As ideias de Darwin revolucionaram os
saberes anteriores: os questionamentos não ficaram restritos a biologia e atingiram
fundamentalmente a religião. Sem dúvida, o naturalista Alfred Russel Wallace (1823-1913)
também teve importante parcela na evolução dos acontecimentos. Independente de
Darwin, ele formulou conceitos semelhantes sobre a evolução das espécies. Entretanto,
ele reconheceu a prioridade do colega inglês, que tinha feito estudos mais
detalhados e completos.
Em carta a outro naturalista amigo,
Charles Darwin escreveu: “Nunca vi
tamanha coincidência; se Wallace tivesse o esboço do meu manuscrito de 1842,
ele não poderia ter feito um melhor resumo”.
Wallace esteve, no Amazonas, em 1848, e publicou
em 1853, o livro Narrativa de viagens no Amazonas e no Rio Negro. Foi
após esse período, conhecendo a multiplicidade da natureza amazônica, que consolidou
o seu pensamento evolucionista, tão revolucionário quanto o de Darwin. Durante
a viagem, Wallace soube das observações de Henry Walter Bates (1825-1892).
Nesse livro, descreveu a incrível capacidade de algumas borboletas, para mudar
a aparência, com o objetivo de evitar o ataque de certas aves. É possível que
essa constatação de Bates tenha servido para ajudar Wallace na sua teoria
evolucionista.
Esse conjunto de informações motivou
particular interesse nos teóricos da escola positivista, liderada pelo francês
Augusto Comte e foram aplicadas em alguns ensaios também com o objetivo de estruturar
outra teorização do controle social.
A Igreja Católica, defendendo o
criacionismo, iniciou forte oposição às teorias evolucionistas. A disputa
ideológica persiste até a atualidade. Esse fato – a contenda entre os criacionistas
e evolucionistas, responsável pelas pressões eclesiásticas junto aos Estados
laicos, para conter o ensino do evolucionismo sob o prisma neodarwinista.
O caso mais conhecido ocorreu no sul dos
Estados Unidos, conhecido como o “cinturão
da Bíblia”, a região politicamente mais conservadora daquele país. Em
1982, uma lei obrigou que as escolas cumprissem o mesmo número de horas de
aulas tanto para a teoria criacionista quanto para a evolucionista. Chegaram a
afirmar, em documento conjunto, que o fato poderia ter consequências nefastas
ao desenvolvimento científico dos Estados Unidos.
Mais representativo e polêmico foi o
julgamento e condenação do professor John Scopes, no Tennesse, em 1925, somente
revogada em 1967: O seu crime foi desobedecer a uma lei do Estado que proibia o
ensino do evolucionismo: “É ilegal
ensinar qualquer teoria que negue a história da criação divina do homem como ensinada
na Bíblia, e ensinar em seu lugar que o homem descende de uma ordem inferior de
animal”.
As propostas teóricas de Darwin foram
incorporadas à Medicina e proporcionaram que o século 20 persistisse na busca
da saúde e da doença em compreensões abrangentes entendendo o Homem como
produto de múltiplas evoluções.