Zemaria Pinto
a
língua percorre ávida
o
rosto molhado
os
olhos cerrados
a
boca afogada
os
seios em fogo sob a água
minhas
pernas sustentando
tuas
pernas bailarinas
metamorfose
dos corpos
fundidos,
totem armado
no
quadrilátero âmbar
cantam
crianças
pássaros
cantam
fulgor
na tarde avermelhada
asas-deltas
ultraleves
e
um blues na sala solitária
a
água no corpo
o
corpo no corpo
bocas
e pernas e mãos
teu
gozo estremece
meu
corpo
meu
sêmen chove de mim
teu
dorso incandescente
a
parede fria
o
grito sufocado
e
a alegria
–
ah, a alegria
de fazer parte de ti!