Zemaria Pinto *
No que seria a primeira parte do livro , Armando de Menezes registra a história de O Ministério Público ..., após o seu lançamento , a 22 de agosto de 2003, no salão nobre da Academia Amazonense de Letras . Nesse livro sobressaiu-se, sobretudo , o pesquisador , que já se destacara no livro de estréia – O Tribunal de Contas do Amazonas , de 1977, e, um pouco , pois ali prevalecera o memorialista , em Aderson de Menezes – o Professor , de 1997, escrito em homenagem ao irmão querido , a quem todos somos devedores . Naquele livro , o professor de História alia-se ao jornalista e ao memorialista , pois , antes de ser Conselheiro daquela egrégia Corte , e seu Presidente , Armando foi membro do Ministério Público . Destaco da fala de apresentação do eminente acadêmico Élson Farias o registro da alegria do autor em reunir tantos amigos , porque , diz Elson, entre as “inúmeras artes em que é mestre o nosso companheiro de Academia , a arte da amizade é a que ele exerce com a maior destreza e a mais clara sabedoria .”
A recepção ao livro que conta a história da atuação do Ministério Público no TCE do Amazonas vai muito além das palavras carinhosas dos amigos , pois se trata de obra original : os fatos narrados são iluminados pelo autor , ora coadjuvante , ora protagonista , revelando nuanças que a letra fria dos documentos oculta.
A segunda parte de Testemunhos e Memória registra a história do livro O “Velho ” Tude..., lançado também no venerável salão azul , na noite de 21 de novembro de 2003. Nesse livro , o homem cordial , o homem-coração, que é o Armando, faz uma comovente homenagem a seus pais , o Velho Tude e Dona Santa , forjadores do caráter íntegro e afável do amigo de todos nós , que começou Mandoca e hoje é o ínclito Dr. Armando Andrade de Menezes, titular da cadeira número 30 daquela quase nonagenária Casa .
Os destaques sobre O “Velho ” Tude... são tantos que enumerá-los seria maçante . Mas não posso deixar de citar o belo discurso de apresentação do confrade Almir Diniz, muito apropriadamente intitulado “A Nação dos Menezes”. Tampouco posso ignorar a saudação improvisada e terna do Dr. Oyama Ituassu, amigo pessoal do Velho Tude, que a todos emocionou ao recitar o antológico poema de Luís Guimarães Júnior “Visita à casa paterna ”:
o meu primeiro e virginal abrigo .
Se o Armando não tivesse tido a iniciativa de publicar Testemunhos e Memória , aquele momento sublime seria hoje apenas mera lembrança dos que aqui estiveram naquela noite . E não teríamos também o registro das belas mensagens de Paulo Figueiredo, Almino Affonso, Bernardo Cabral, Carlos Michiles, Thiago de Mello e um poema inédito de Jorge Tufic:
Tendo mais que esse olhar , posto que sonha ,
Armando tece os fios com que tece
os pólens da saudade e do carinho .
Se somos o que lembramos, como alguém já afirmou, Testemunhos e Memória é um livro digno da bibliografia de Armando de Menezes, pois , fundamenta e enriquece a compreensão dos livros a que se reporta, especialmente de O “Velho ” Tude..., que já tem estofo de clássico da memorialística amazonense .
*Texto escrito para ser lido por ocasião do lançamento do livro Testemunhos e Memória, de Armando de Menezes, em setembro de 2005, que, não lembro mais porque diabos, não aconteceu.