Pedro
Lucas Lindoso
Estive
visitando um sítio de amigos lá pelas bandas do Tarumã. Paulinho, um garoto
esperto e inteligente de 10 anos de idade, é filho do caseiro. Disse-me que
estudava em escola rural e fazia o quinto ano. Pedalava sua bicicleta por quase
uma hora até chegar à escolinha. A professora, dona Vanessa, ia de moto.
Paulinho
me contou que estava estudando as estações do ano. Entendeu o que era inverno e
verão. Mas não compreende bem o que era a tal primavera e o outono.
Disse
a ele que o nosso planeta terra divide-se em zonas temperadas, equatorial e os
polos. Na verdade, a primavera só é bem definida nas zonas temperadas, como no
sul do Brasil. Nós moramos na Zona Equatorial.
Para
nós, que vivemos na Amazônia, o importante mesmo é o regime das águas. O rio
sobe de dezembro a junho e a vazante de julho até novembro. Como na vazante
chove menos, aí ocorre o nosso verão. Os dias são mais quentes ainda!
A professora disse que outono é estação das
frutas e as folhas caem. Paulinho argumentou que tem fruta o ano todo. E deu
exemplos:
– De
janeiro a maio dá muito araçá-boi. De julho a dezembro a gente colhe açaí. De
novembro até março é época de pupunha e camu-camu.
Dadas
essas explicações Paulinho foi me mostrar os jardins da propriedade. As flores
estão sob os cuidados da mãe dele. Paulinho e os irmãos também ajudam no
cultivo. O sítio produz muitas flores que são vendidas em Manaus.
Dona Vanessa havia ensinado que a primavera é
a estação das flores.
Paulinho
mostrou-me um canteiro com lindas açucenas e malvinas. Havia também antúrios,
cambraias e flor de janeiro.
– Aquela
é conhecida como oxum amarela, explicou-me.
Finalmente
o curumim sabido me levou perto de árvores frondosas e me disse:
– Olhe
só: nessas árvores tem bromélia, pingo do céu e sininho.
Aqui
no sítio é sempre primavera.