Zemaria Pinto
à
fronte guarda sombras de outras eras
e
um par de olhos tão tristes, que canção
alguma
alcança. fixas ancas lançam
o
rabo que balança ao som do vento.
a
branca estrada sob o ubre úmido
é
o caminho da força eclipsada
à
meia-lua que se forma em aura
no
cósmico avatar da terra farta.
esta
a imagem da Vaca, impura e bela.
à
tortura ordenada indiferente,
as
asas ruflam num ruído surdo
buscando
o largo campo do universo:
a
Vaca precipita-se no espaço,
o
olhar perdido nalgum vão do éter.