Pedro
Lucas Lindoso
Lendas
urbanas são histórias de caráter fabuloso e geralmente divulgadas de forma
oral. O termo “lenda urbana” foi usado
pioneiramente por Jan Harold Brunvand, professor de Inglês da Universidade de
Utah.
Brunvand
escreveu sobre lendas urbanas americanas e seus significados. A ideia do
professor era chamar atenção para o fato de que as lendas e folclores não
acontecem exclusivamente nas chamadas sociedades primitivas ou tradicionais. E
ainda, pode-se aprender bastante sobre a cultura moderna e urbana ao estudar
tais lendas.
A
nossa querida cidade de Manaus é cheia delas.
Domingo
passado fui ao Bairro da Compensa pegar uma encomenda de costura. Dona Auxiliadora, a costureira, ralhava com
uma moça que jurava não ter furtado determinada calça.
Dona
Auxiliadora relatava que quando jovem, uma moça jurou para a mãe dela que não
tinha praticado um furto. A moça teria respondido:
–
Se fui eu quero que a maior fera do mundo me pegue.
Um
enorme jacaré, saído do Igarapé de Educandos, teria abocanhado a tal moça. A fera
passeou com a garota por todo o bairro. Arrastando-a pela boca. Uma outra,
matou a irmã, chamada Neca. Negou o fato e fez a mesma jura. Foi devorada pela
fera ao lavar roupa no Igarapé. Esclareceu-se assim o homicídio, segundo a
vizinhança.
Disse
a dona Auxiliadora que já tinha escutado essa história. Ela me afiançou ser
verdade. Contou-nos ainda da fogueteira. Também moradora de Educandos, a moça
fogueteira teve o desplante de bater na sua mãe. Virou porco. Teve esse nome
porque, antes de virar porco, furtava, desobedecia e batia na mãe. E pegava
fogo. Virou a fogueteira de Educandos.
A
cabocla já estava bastante assustada com as histórias e os relatos da dona
Auxiliadora. Por fim contou-nos a lenda
da mulher que virava trouxa, de roupa, claro. Rolava pelas ruas e ladeiras do
bairro, assustando todo mundo. Sempre depois da meia-noite
A
mocinha saiu apavorada. Retornou com a tal calça, desculpando-se com a
costureira. Pegou a calça por engano, explicava-se. Não iria ser comida por
fera nenhuma. Muito menos correr o risco de pegar fogo ou transformar-se em
porco. Menos ainda virar trouxa e sair rolando pelas ruas do bairro, assustando
as pessoas.