Pedro
Lucas Lindoso
O assunto é
passarinho. Mas não vou falar sobre a mortandade dos periquitinhos na Avenida
Efigênio Salles. Assunto já requentado. E de morte, este ano já tivemos a do
poeta Manoel de Barros, o poeta passarinho. “Quero a palavra que sirva na
boca dos passarinhos”. Há
muito mais em sua obra. Com certeza está no Céu.
Outro grande
poeta que disse ser passarinho foi Mário Quintana: “Eles passarão. Eu
passarinho.”
Além dos
poetas passarinhos, conheci o Ministro Jarbas Passarinho. Passou pelas minhas
mãos, no Departamento de Assuntos da Cidadania, do Ministério da Justiça, carta
enviada ao então ministro: Excelentíssimo Senhor Jarbas Pássaro. Um
cidadão não se sentia íntimo o bastante para chamá-lo de Passarinho.
Quando menino,
aqui em Manaus, nos anos 1960, cheguei em casa, na Rua Henrique Martins, com
uma baladeira. Comprada pelas bandas do Mercadão Adolfo Lisboa. Meu pai a
confiscou, com uma conversa definitiva:
– Não mate
os passarinhos. Seja como São Francisco que falava com os pássaros e os bichos.
Ainda bem que não havia aprendido a usar a tal baladeira. Nunca matei
passarinhos. Ao contrário, como na canção “Paz do meu amor”, sou e sempre fui
um “menino passarinho com vontade de voar”.
Naquela época,
Manaus não era uma metrópole. O lugar mais longe do centro era o bairro com
nome de passarinho – Bairro do Japiim. Dizem que o japiim imita o canto dos
outros. Será que imita o uirapuru?
Não se pode
falar de pássaros sem mencionar o Uirapuru. Seu canto, puro e delicado, soa
como o de uma flauta tocada por um flautista encantado. Quando canta, a Floresta
Amazônica silencia em reverência ao mestre dos pássaros.
Por último,
mas não menos importante, há que se falar sobre os pombos. Eles nos remetem a
paz. Estamos no Advento. O Menino Deus nasce humildemente numa gruta em Belém
da Judeia, para nos trazer paz. Cristo trouxe a paz e nos deu a Sua Paz.
Representada por um pássaro: a paloma da paz.