João Bosco Botelho
É
possível pensar que no futuro as clonagens trarão muitos benefícios. Entre os
mais esperados:
–
Rejuvenescimento de partes específicas do corpo, danificadas pelo processo de
envelhecimento ou por trauma, como nas queimaduras;
–
Recuperação de áreas anatômicas por perda ou diminuição de funções vitais, como
as determinadas pelo infarto do miocárdio;
–
Substituição de genes defeituosos;
–
Tratamento de alguns tipos de cânceres;
–
Recuperação de segmentos medulares danificados nos traumas.
Por outro lado, como os atuais conhecimentos ainda são
limitados, é também possível que a clonagem envolva riscos importantes: perda ou diminuição da multiplicidade genética; envelhecimento
precoce em partes do corpo; anomalias desconhecidas; alterações
comportamentais.
É possível assinalar as diferenças fundamentais
entre a clonagem reprodutiva e clonagem terapêutica:
– Clonagem reprodutiva: o núcleo de uma
célula adulta é introduzido no óvulo "vazio" e transferido para outro
útero, dito de aluguel, com o intuito de gerar um feto geneticamente idêntico
ao doador do material genético;
– Clonagem terapêutica: o DNA retirado
de uma célula adulta do doador é introduzido num óvulo "vazio"; após
algumas divisões celulares, as células-tronco resultantes são aproveitadas,
para fabricar tecidos idênticos aos do doador, impedindo a rejeição.
É
claro que essa especie de acontecimento está contida numa análise teórica,
porque as técnicas de clonagem ainda estão em processo de aperfeiçoamento. Por
exemplo, para obter o clone da ovelha Dolly, produto do clone de outro animal
com 6 anos de idade, por meio de uma célula somática da mama, de onde foi
retirado o núcleo e transferido para um óvulo sem núcleo, vitalizada por meio
de uma corrente elétrica, implantada no útero de uma terceira ovelha, foram
necessários 277 ovos, 30 iniciaram a divisão espontânea, 9 induziram a gravidez
e apenas 1 sobreviveu.
Como
mecanismo ainda desconhecido, Dolly só sobreviveu seis anos e seis meses, enquanto as ovelhas vivem entre os 11 e os 12
anos, com manifestações de artrite no quadril e joelho esquerdo, doença
próprias do envelhecimento. Mesmo assim, Dolly pariu quatro ovelhas. Esse
acontecimento provou que o animal clonado não se torna automaticamente estéril.
Dessa
forma, é razoável teorizar em torno dos vetores sócios-genéticos (a colocação
do social anterior ao genético não é por acaso) na construção do produto vivo
multicelular.