Comentadores de blogs – os fastos e os nefastos
Desde quando comecei a postar O Fingidor, em meados de setembro, fui questionado por amigos sobre o porquê de não abrir para comentários. Explicava que não queria interpor entre quadros e poemas qualquer interferência, boa ou má. Achava que seria uma forma de poluição que afastaria os mais sensíveis, porque acredito que a poesia pede silêncio e introspecção. Quando, dias depois, abri o Palavra do Fingidor, liberei os comentários, para, dois ou três dias mais tarde, confirmar minhas suspeitas. Com raras exceções, que não acrescentavam nada aos conteúdos, os comentários recebidos eram chulos, infames, sórdidos, parvos, beirando a idiotia. Fechei. No caso recente envolvendo o quadro do amigo Moacir Andrade, abri novamente para os comentários: entre uma e outra indignação, publicadas como artigos, um sujeito assacava insultos improváveis (até aqui, pelo menos) contra certa autoridade não muito popular entre os artistas de Manaus; outro desses comentários, de clara extração nazista, dizia que todos nós éramos apenas uns bundões (o termo usado, em verdade, foi outro, mais profundo), pois havia coisa muito mais preocupante na cidade que a meroda dum “quadro velho sem importância nem uma (sic)”. Fechei de novo, claro.
Nas minhas postagens nO Malfazejo, dois comentários me chamaram a atenção: o primeiro reclamava do “informe-se”, alegando que ele, pelo menos, o comentador, não precisava informar-se de nada: não entendeu a hilstiana (de Hilda Hilst) piada. Pronto, inventei uma maneira sutil de dizer “informe-se”, sem ser chato (o que no meu caso é impossível, eu sei): o Google é o oráculo da era da informação. Agradeço de coração a esse comentador. O segundo aparenta-se com aquele nazistão citado no parágrafo anterior: em resposta a meu comentário sobre poemas inéditos de Luiz Bacellar, o comentador perdeu uma ótima chance de ficar calado e saiu-se com um comentário estúpido sobre o poeta, um monumento vivo da cidade, que tem não apenas o direito, mas o dever, constitucional e sagrado, de ser chato!
“Ora (direis) proibir comentadores? Certo perdeste o senso!”. E eu vos direi, no entanto, que o debate sério não comporta aleivosias. Para não cometer injustiças por esquecimento, não citarei nomes ou pseudônimos, mas os debates aqui nO Malfazejo alcançam, no mais das vezes, excelente nível. São os fastos. Então, que viva e arda o debate, e queime nele todas as mazelas expostas, cauterizando-as! Aos nefastos, que puxam o debate ao rés do chão, e até abaixo, feito lesmas e minhocas, concordo que todos tenham o direito à expressão, sim, mas a babaquice só deve ser exercida na mais íntima e redundante e tautológica intimidade da masturbação mental. No escuro.