Amigos do Fingidor

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

“Feliz natal e um próspero ano novo”

David Almeida


Todos nós sabemos, sentimos, que final de ano (Natal e o Ano Novo) comove o mais duro coração de pedra. Tem gente que passa o ano todo fazendo maldade, dando patada, coice, rasteira, canga-pé, rabo-de-arraia, passando por cima das pessoas – atropelando mesmo –, outros roubando na maior cara-de-pau o povo, para no final do ano ficar que nem manteiga derretida dizendo: “feliz natal e um próspero ano novo”, distribuindo até uns ranchinhos. “Né não?”

Os políticos – com exceções, claro – aproveitam esses momentos de extrema sensibilidade para trocar solidariedade e amor fraterno por alguns votinhos, em prol da eleição vindoura. Meia noite na missa do galo é difícil não encontrá-los, emocionados, rezando aos pés do altar, sob o olhar de um Cristo de pedra. Mas, ao mesmo tempo, acenando aos fiéis que vão entrando, como quem diz: “olha, eu estou aqui rezando por nós, não se esqueçam de votar em mim na próxima eleição”. Amém!

Tudo isso gente, porque no dia 25 de dezembro comemora-se o nascimento de Jesus Cristo, “o cara da parada”, que, segundo os seus seguidores, nasceu na maior pobreza em uma manjedoura, cercado de animais que habitavam o lugar, tendo como pai, o poderoso criador do céu, da terra e do mar, DEUS! Louvado seja!

Jesus, o filho amado de Deus, veio para salvar os pecadores, mostrar o caminho do amor, para as galeras de todas as cores, crenças, raças, fight e bois-bumbás. Porém, mesmo pregando o amor, o mataram por ódio; todavia, como o amor não morre, ele ressuscitou ao terceiro dia. Tá pra ti? Até aí tudo bem, nada que desabone a conduta do grande ilustre, mensageiro do amor. O problema é que tem uns espertinhos que usam suas palavras para enganar o seu semelhante, fazendo da sua imagem um produto, há 2010 anos.

Há pouco tempo surgiu um político, lá pras as bandas da corte, com arruda na orelha e tudo, para afastar os maus espíritos; CPIs, impeachment etc., que até separou um montão de dinheiro, “vindo não sei de onde”, para comprar panetone e distribuir para os mais necessitados. Sem dúvida é um gesto lindo, emocionante, pra deixar no chinelo qualquer Madre Tereza de Calcutá. Outros se transformam em Papai Noel, e saem pelas ruas dando pinta do bom velhinho: rou, rou, rou, rou. Ei, psiu! A tendência agora, para os natais vindouros é fé na arruda, perdão, no Arruda, e mão no panetone. No País onde as falcatruas se acabavam em pizza agora rumam, rimam e riem ao sabor de panetone. É vero!

O que esperar do ano novo? Oh, glória senhor! Só muita vontade de vê-lo nascer por trás das copas das árvores clareando as manhãs de esperança, em alegres dias de verão, desse planeta ainda azul. Puro sonho! Porque nada vai mudar. Os políticos são os mesmos, as leis são as mesmas, e, consequentemente, as injustiças serão as mesmas... Tudo vai continuar como era antes, mesmo. “Tá ligado?”

Gente, não é pessimismo, porque é real, é palpável, é público e notório. Claro, que sonhar não custa nada, e vislumbrarmos acordar no dia primeiro de janeiro de 2011, com o “apagão” da fome, da miséria, da violência, da corrupção... Só políticos “ficha limpa”, vestidos de honestidade falando de suas tribunas, sobre a paz e o desaparecimento para sempre da hipocrisia no coração dos homens. É “reeeealmente” um sonho! Pura utopia! Porque, ao colocar os pés no chão da realidade da vida, os pesadelos estão aí, a olho nu, povoando cada esquina, cada centímetro de chão onde o seu olhar alcançar.

Dependendo de onde, quem, como e porque alguém te deseja um Feliz Natal e um próspero Ano Novo, a medida correta é passar primeiro um antivírus, se for por e-mail, e nem abra. Se for presença física, observe se a figura tem cara de pau ensebada com óleo de peroba. Se tiver, faça ouvido de mercador e corra pra debaixo duma cachoeira, ou tome um banho com dez quilos de sal grosso duas vezes por dia. Se não, você está complicado.

Eu fico preocupado quando se junta natal, ano novo, política e religião. Pode ser uma emboscada! Isso torna o povo mais vulnerável à ação dos oportunistas. “Qui tão assim, ó: só na mutuca”.